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Localização central, ambiente agradável, boa comida e bebida confiáveis, originalidade, estilo próprio, preços justos e, é claro, uma generosa dose de sorte. A lista de critérios obrigatórios parece interminável quando o assunto é abrir um novo bar em Curitiba, onde o público é conhecido por ser exigente e difícil de conquistar.

Se algum dia ser um empresário da noite já foi sinônimo de pura diversão, a realidade atual é completamente outra. A rotina é frenética, os gastos são altos e as preocupações, de perturbar as poucas horas de sono. Muitos espaços quebram antes de completar um ano. Ainda assim, alguns empreendedores ousados, preparados com antecedência ou nascidos com um certo dom, decidem encarar o desafio, e com sucesso, por sinal.

É o caso de Gustavo Haas, proprietário dos bares Taco El Pancho, Sheridan’s e Peggy Sue. Tudo começou com a abertura do Taco, na loja dos fundos de um antigo centro comercial no Batel. Gustavo decidiu apostar na temática mexicana, popular nos Estados Unidos.

As constantes viagens ao país inspiraram o empresário a abrir outros bares típicos como um pub irlandês e uma lanchonete dos anos 50. Há dois anos, Gustavo também inaugurou o Mustang Sally, em sociedade com Giocondo Artigas Neto. "Gostem ou não dos americanos, o fato é que eles sabem fazer bons restaurantes", opina. O empreendedor acredita que vários fatores contribuíram para o sucesso de seu negócio, mas a comida e o ambiente fazem a diferença. "O Taco é uma espécie de território neutro em Curitiba. É um ambiente que não se rende a modismos", define.

Resistir às oscilações da moda também foi o caminho encontrado por Silvio Benoski, dono do Empório São Francisco, aberto em 1997. A fama do espaço começou a ser divulgada através do boca-a-boca e, em pouco mais de um ano, o Empório se tornou ponto de encontro de universitários e roqueiros de plantão. Silvio passou de simples proprietário a personagem do bar, com direito a hino de homenagem, composto por uma das bandas da casa. "Gosto de trabalhar com o tradicional e acredito que essa identidade seja a característica mais importante daqui", explica.

Cena alternativa

Quando Luciano Franco Geraldo decidiu entrar de sócio no James Bar, idealizado por dois amigos da faculdade há oito anos, não imaginou que também teria que aprender a ser empresário na prática. Os amigos desistiram e Luciano continuou, com um balcão, um freezer e uma cozinha improvisada.

O início foi marcado por sacrifícios, mas a sua paciência foi recompensada em pouco mais de seis meses. "Fizemos tudo na louca, o bar era freqüentado basicamente pelos amigos, mas com o tempo as coisas começaram a mudar", lembra.

A casa foi ampliada e hoje em dia é cultuada. Existe até mesmo uma "velha guarda" de freqüentadores, com direito a comunidade de participação restrita no Orkut. Para o jornalista Rodrigo Sais, criador do grupo, o diferencial é o repertório musical, baseado em rock alternativo. "Além da música, é um bar que não ficou estagnado, está sempre tentando melhorar", acredita ele, que pode ser encontrado no local de três a quatro vezes por semana.

Paulo César Giroletti e Ieda Godoy já são do ramo desde a década de 90 e podem falar como ninguém das características fundamentais que fazem com que um bar sobreviva ao tempo em Curitiba. Giroletti, que hoje é dono do Vox Bar, junto com a mulher Márcia Fontana, acredita que o mais importante é curtir o que se faz e buscar idéias novas. "Sempre estamos pensando em ganhar uns centímetros a mais, mudar a decoração e buscar alternativas para melhorar o atendimento. Se a fila está comprida, servimos drinques lá fora mesmo. É necessário sempre estar com um olho na frente", conta.

Ieda, dona do Café Mafalda e do Wonka, também acredita que o segredo está no atendimento. "Ser dono de bar é uma luta diária, é preciso dedicação total e saber respeitar e proteger o público, que mudou muito de 90 para cá. Antes, freqüentavam o bar pelo ambiente. Hoje, ter uma programação variada também é essencial. As pessoas querem atrações diferentes todos os dias", observa.

Serviço

* Saiba aonde ir

Taco El Pancho, Sheridan’s e Peggy Sue (R. Bispo Dom José, 2.295), (41) 3342-1204.O complexo é conhecido como uma Disneylândia de bares por serem temáticos e estarem ligados entre si. O pioneiro Taco El Pancho é famoso pelo agito e pela cozinha mexicana.

Vox Bar (R. Ébano Pereira, 269), (41) 3233-8908.A programação é variada, mas a pista lota principalmente nos finais de semana, quando a atração é música dos anos 80 e 90. É quase impossível não enfrentar fila.

James Bar (Av. Vicente Machado, 894), (41) 3222-1426.Funciona de terça a domingo. Apesar de pequeno, oferece o melhor do rock alternativo e exposições regulares de fotografia e artes plásticas. A "velha guarda" marca ponto durante a semana.

Empório São Francisco (R. Pres. Carlos Cavalcanti, 1.138), (41) 3222-0301.Freqüentado por fãs do rock-n-roll tradicional, conta com atrações ao vivo todas as noites, entre elas as bandas locais Sexofone e Feichecleres. A terça-feira é reservada à MPB.

Café Mafalda (R. XV de Novembro, 1.424), (41) 9902 8149.Sossegado, ideal para casais e conversas com os amigos. A proprietária Ieda Godoy é especialista na arte de criar ambientes inesquecíveis, como os antigos Café Dromedário e Poeta Maldito.

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