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Erudita

Companheiros e animados

Recém-criada, Companhia Brasileira de Ópera apresenta em Curitiba montagem de O Barbeiro de Sevilha

Fígaro: pândego da ópera de Rossini é um barbeiro “sabe-tudo” que ajuda a união entre Rosina e o Conde D’Almaviva | Divulgação
Fígaro: pândego da ópera de Rossini é um barbeiro “sabe-tudo” que ajuda a união entre Rosina e o Conde D’Almaviva (Foto: Divulgação)
Pelos traços de Joshua Held, ópera ganha em atualidade sem perder características essenciais |

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Pelos traços de Joshua Held, ópera ganha em atualidade sem perder características essenciais

Consta que a reação da plateia que acompanhou a apresentação da ópera O Barbeiro de Sevilha em Florianópolis, na noite da última quarta-feira, se assemelha ao que aconteceu na estreia do espetáculo do compositor italiano Gioachi­­no Rossini (1792-1868), há 194 anos. Risos e mais risos. Mas, se na primeira execução as gargalhadas foram motivadas mais por problemas técnicos – a corda de um violão se soltou –, quem catalisou os sorrisos no último dia 14 foram desenhos animados projetados no telão do Teatro Pedro Ivo, na capital catarinense. A responsável pelo feito é a Companhia Brasileira de Ópera (CBO), trupe desbravadora que já nasce grande e pretende semear como nunca o gênero operístico no Brasil. Curi­­ti­­ba recebe a encenação de O Bar­­beiro de Sevilha de 21 a 25 de julho, no Teatro Positivo.

Com direção artística de John Neschling (ex-maestro da Orques­­tra Sinfônica do Estado de São Paulo), a CBO foi criada na metade de 2009. Reúne diversos maestros e quase setenta músicos e cantores brasileiros e estrangeiros por etapa – a cada turnê de quatro dias, dois elencos se revezam.

"Eu e Neschling queríamos fazer um festival de ópera. Mas como no Brasil nunca tivemos uma companhia estável, pensamos nisso. O Ministério da Cultura imediatamente se entusiasmou com a proposta", explica o produtor executivo José Roberto Walker. O orçamento para a criação do grupo – que também conta com o patrocínio do Banco do Brasil e da Petrobras – foi de R$ 10,3 milhões.

A estreia aconteceu em Belo Horizonte, dia 24 de junho. Antes de Curitiba, a CBO passou por Porto Alegre e Florianópolis. Até o final do ano, mais 11 cidades serão visitadas, sempre com quatro dias de apresentações: três para adultos, com a execução da ópera na íntegra – cerca de 2 horas e 30 minutos – e uma de 50 minutos, pensada para o público infantil.

"Não é que a companhia tenha nascido grande, é que gostamos de pensar em projetos em um nível diferente", diz Walker.

Fígaro Fi!

Além da criação do grupo permanente, algo inédito no Brasil, a ou­­sadia se dá também no momento de execução da ópera de Rossini. O cartunista norte-americano Jos­­hua Held foi convidado para participar do projeto. Então, cantores interagem com os próprios personagens da comédia, criados por ele e projetados em um telão. São cerca de 800 takes diferentes, e o sincronismo entre músicos, cantores e desenhos é um desafio à parte.

"Com a animação projetada, há um outro viés para o maestro. Em alguns momentos, os desenhos têm que coincidir com a música. Em outros, a música tem que esperar determinado efeito na tela", explica Abel Rocha, maestro que irá reger a apresentação em Curitiba.

O fato de ser uma ópera popular de Rossini – até os desenhos Pica-Pau e Pernalonga já se utilizaram da ária cantada pelo pesronagem Fígaro – facilitou a adaptação lúdica do espetáculo.

Fígaro Fa!

Um andar inteiro de um hotel em Florianópolis foi ocupado pelos cantores. O maior motivo são as horas que antecedem o espetáculo. Este é o momento de aquecimento e, se o vizinho de quarto também é um soprano ou um barítono, não há problemas em soltar a voz. Foi o que fez por meia hora a mineira Edna D’Oliveira – que interpreta Berta.

"Aqueço o corpo também. O corpo canta e os músculos têm que estar preparados", diz a soprano. Quanto à Companhia, "luz no fim do túnel". "É uma proposta inovadora. Agora há uma perspectiva de trabalhos para o futuro".

Artistas do mundo inteiro convivem na CBO. Quem não largou o chimarrão nem durante a entrevista foi o uruguaio Federico Sangui­­netti, o próprio Fígaro.

"Já estou misturando italiano, espanhol e português", diz o barítono, também empolgado com o projeto. "Isso é inédito em toda a América Latina. É um impulso que só o Brasil poderia dar", conta, en­­chendo a cuia e aquecendo a voz.

Serviço:

O Barbeiro de Sevilha – Companhia Brasileira de Ópera Teatro Positivo – Grande Auditório (R. Prof. Pedro Viriato Parigot de Souza, 5.300), (41) 3317-3283. De 21 a 24 de julho (adulto), às 20 horas e dia 25 (infantil), às 16 horas. O preço dos ingressos varia de R$ 19 a R$ 74 (adulto) e R$ 10 (infantil). Classificação indicativa: 8 anos (adulto) e livre (infantil). Confira o serviço completo

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