Temporada 2014
Grupo quer explorar diferentes momentos do gênero clássico
Agência Estado
Os clássicos darão o tom à nova temporada da São Paulo Cia. de Dança. Em 2014, o grupo pretende "passear por grandes marcos desse momento da dança", comenta a diretora Inês Bogéa. Outra novidade, ela adianta, será a acessibilidade dos espetáculos: no próximo ano, todas as apresentações contarão com sistema de libras, audiodescrição e legendas.
Assim como fez em 2013, o conjunto paulista pretende oferecer assinaturas de sua programação no Teatro Sérgio Cardoso. Serão seis diferentes programas, com 14 espetáculos, entre eles seis estreias.
Para 13 de junho está marcada a première de uma remontagem de La Sylphide (1832), um dos mais antigos balés da história e um marco da dança romântica. "É um balé dos sonhos, com uma dança muito popular. Me pareceu uma forma acolhedora de introduzir o público nesse universo que queremos percorrer", pontua Inês.
Uma linha cronológica atravessa e organiza essa próxima temporada: o percurso começa em 1832. Depois terá paradas em 1876, com o "Grand Pas de Deux" de O Cisne Negro, e em 1911, Le Spectre de la Rose. Quem remontará as três peças para a SPCD é o argentino Mario Gallizia.
O "Grand Pas de Deux" de O Cisne Negro é um excerto de O Lago dos Cisnes, um dos balés mais conhecidos da história. Com música de Tchaikovski (1840-1893) e coreografia de Marius Petipa (1818-1910), trata-se do clássico dos clássicos.
Já La Spectre de la Rose surge para representar os clássicos modernos. Baseada no poema de Théophile Gauthier (1811- 1872), essa coreografia curta foi criada por Michel Fokine (1880- 1942).
Para quem pretende renovar a sua assinatura da Temporada da SPCD no Sérgio Cardoso, o prazo vai até 8 de dezembro. Para adquirir uma nova assinatura, as datas são de 14 de dezembro a 11 de maio de 2014. Os preços variam entre R$ 75 e R$ 90.
Voltada aos clássicos desde sua criação, em 2008, a São Paulo Companhia de Dança (SPCD), mantida pelo governo paulista, marcou significativamente sua curta trajetória com as apresentações de sua nova versão para Romeu Julieta. A temporada, que teve início no dia 21 de novembro, foi encerrada no último domingo, 1.º, no Teatro Sérgio Cardoso, em São Paulo.
Criada sob encomenda do grupo pelo italiano Giovanni Di Palma que, aos 18 anos, se apresentou na influente versão de John Cranko (1927-1973) a coreografia é baseada na música de Sergei Prokofiev (1891-1953), porém em versão condensada: enquanto o compositor russo estruturou o balé em três atos (ou 12 cenas com prólogo e epílogo), Di Palma sintetizou sua versão em dois atos e dez cenas, resultando em uma suíte com duração aproximada de uma hora e 30 minutos.
Pela primeira vez diante do desafio de contar uma história e encarnar personagens com conflitos e sentimentos bem delineados, o elenco da SPCD foi bastante bem-sucedido. Interpretados pelo casal de bailarinos Nielson Souza e Aline Campos, os protagonistas Romeu e Julieta conquistam a plateia logo nas primeiras aparições. Os movimentos fluidos e suaves da terceira cena, em que eles descobrem estarem apaixonados, garantem o envolvimento emocional do público até o trágico fim do espetáculo.
Clássico
Os cenários e figurinos do francês Jerôme Kaplan são totalmente clássicos, assim como o desenho de luz do alemão Udo Haberland e da dramaturgia de Nadja Kadel, bastante de acordo com a marcante e vigorosa obra musical de Prokofiev que, infelizmente, não é interpretada ao vivo por orquestra, e sim reproduzida mecanicamente.
Os contrastes sonoros e a variedade de temas presentes na composição de Prokofiev são coreograficamente bem aproveitados por Di Palma executados com grande qualidade artística, o sofrimento da Sra. Capuleto (Ana Paula Camargo), a transcendência do bondoso Frei Lourenço (Lucas Valente), a comicidade da Ama de Julieta (Beatriz Hack) e a fanfarronice de Mercúcio (Diego de Paula), se destacam e arrancam reações dos espectadores. Entre as graciosas amigas de Rosalina, paixão de Romeu antes de Julieta, está a curitibana Morgana Capellari, que iniciou seus estudos da Escola de Dança do Teatro Guaíra e integra a SPCD há quatro anos.
A jornalista viajou a convite da São Paulo Companhia de Dança.
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