Vitrine
Algumas peças vistas no Festival de Curitiba serão levadas para outras cidades e países:
Oxigênio
A Cia Brasileira de Teatro estreou em 2010 a primeira montagem em português do russo contemporâneo Ivan Viripaev. Agora, irá a diversas cidades brasileiras e foi sondada por um programador da Escócia.
Sua Incelença, Ricardo III
A releitura nordestina feita pelos potiguares da Clowns de Shakespeare poderá ir em janeiro ao festival Santiago a Mil, no Chile.
O papel de vitrine da produção teatral nacional que cabe ao Festival de Curitiba, o primeiro do ano no país, foi cumprido a contento em 2011, a julgar pelo número de negociações em andamento entre companhias que aqui se apresentaram e programadores.
Algumas apresentações vistas por curadores nacionais e internacionais serviram para confirmar expectativas. Foi o caso de Oxigênio, da curitibana Cia Brasileira de Teatro, que estreou em 2010 e voltou ao festival já tendo fechado temporada no Rio de Janeiro, em maio, e a participação no Festival de São José do Rio Preto (SP), em julho.
Uma negociação da companhia com o Sesc de São Paulo se concretizou aqui. "Acho que ajudou o fato de os programadores terem visto a peça em Curitiba", contou à Gazeta do Povo o diretor Marcio Abreu. Oxigênio terá temporada de seis semanas no Sesc Belenzinho, entre julho e agosto. Os festivais de Salvador e Recife também mostraram interesse na obra, bem como um programador de Glasgow, na Escócia.
Outra aposta confirmada durante o Festival de Curitiba foi Sua Incelença, Ricardo III, da Cia Clowns de Shakespeare. Espetáculo de abertura desta 20.ª edição do festival, a releitura da peça do bardo inglês com influências nordestinas agradou a diretora do festival chileno Santiago a Mil, Carmen Romero, que agora está em negociação com o grupo.
Houve obras que surpreenderam os programadores, como foi o caso de Homem Piano Uma Instalação para a Memória, da curitibana CiaSenhas. "Deixamos material com muita gente, mas ainda não fechamos nada", conta a diretora Sueli Araújo.
Os programadores do Janeiro de Grandes Espetáculos, de Recife, e do Festival Latino Americano de Teatro da Bahia (Filte) citaram a obra intimista como uma das que mais agradaram.
O cubano Luis Alberto Alonso, que programa o Filte, veio neste ano pela primeira vez e saiu em negociação com a Cia. Delírio após ver Metaformose Reflexões de um Herói que Não Quer Virar Pedra. "A peça tem uma forma diferente de pensar e fazer teatro", disse Alonso à Gazeta do Povo.
O Sesc também negocia levar a São Paulo as cinco peças que integraram a mostra Outros Lugares O Butô do Mick Jagger, Antes do Fim, Habitué, Os Invisíveis e Inventário de Impropriedades. Essa última, de autoria do catarinense Max Reinert, também estará no festival Porto Alegre Em Cena, em setembro. O trabalho foi escrito em 2009 dentro do Núcleo de Dramaturgia do Sesi Paraná.
"Foi muito bom estar dentro de uma mostra do Fringe, que chama a atenção porque as pessoas sabem que vão encontrar algum tipo de qualidade", disse Max à reportagem.
Couve-flor
O festival também entrou na mira de uma equipe de dez programadores norte-americanos que integram o conglomerado de curadores e artistas National Performance Network. Eles vieram para ter uma ideia do panorama nacional e saíram com interesse no coreógrafo carioca Michel Groisman, que poderá vir a fazer turnê nos EUA, contou à reportagem a organizadora Renata Petroni.
Em Curitiba, o grupo visitou o "Cafofo", sede do coletivo de artistas Couve-Flor.
"Eles vieram mais para conhecer nosso trabalho, e mostramos algumas gravações", conta Gustavo Bitencourt, integrante do Couve-flor. "A vinda de programadores às vezes abre caminhos que ainda nem existem", explica Celso Curi, curador do Festival de Curitiba.
"Foi fundamental ter ido a Curitiba, onde pude ver espetáculos que não veria em outros lugares", finaliza o programador do Festival Internacional de Artes Cênicas de Salvador, Ricardo Libório.
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