O ex-presidente cubano Fidel Castro descreveu como "extraordinário" o megaconcerto do domingo organizado por Juanes em Havana e disse em artigo que o evento foi uma forma de "vencer o bloqueio econômico" que os EUA impõem à ilha há 47 anos.
O cantor colombiano Juanes, a porto-riquenha Olga Tañón e um grupo de artistas internacionais reuniram cerca de 1 milhão de cubanos na ilha num concerto polêmico, aliviando décadas de isolamento que separam os dois inimigos da Guerra Fria.
"O povo cubano, especialmente sua magnífica juventude, demonstrou ontem (domingo) que, mesmo em meio a um bloqueio econômico brutal, é possível superar obstáculos inimagináveis", disse Castro em coluna publicada na terça-feira na imprensa estatal.
Substituído na Presidência por seu irmão mais jovem Raúl há um ano e meio aproximadamente, devido a problemas de saúde, Fidel Castro permanece politicamente ativo, escrevendo editoriais sobre temas da atualidade.
Fidel, 83, mencionou o concerto em apenas dois parágrafos de um artigo dedicado às "Mudanças Climáticas", tema que está sendo debatido pela Organização das Nações Unidas (ONU).
Juanes declarou que espera que as cinco horas de música na Praça da Revolução, em Havana, tenham ajudado a sacudir as décadas de paralisia política entre Cuba e EUA, que começaram em 1959 com a Revolução Cubana.
O concerto do compositor e cantor colombiano de 37 anos foi precedido por semanas de polêmica em Miami, reduto de exilados cubanos nos EUA onde Juanes vive e onde ele chegou a receber ameaças de morte.
"Cuba, uma só família" e "Cuba livre" foram algumas das coisas que Juanes gritou à multidão no espetáculo do domingo.
O presidente norte-americano, Barack Obama, prometeu "relançar" as relações hostis entre EUA Unidos e Cuba.
Em abril, Obama moderou ligeiramente o embargo, eliminando as restrições às visitas de cubano-americanos à ilha e às remessas de dinheiro deles a seus familiares.
O governo cubano, em troca, disse que não vê mudanças importantes na política de Obama, que na semana passada renovou por um ano o embargo comercial, que já dura quase meio século.
Segundo cálculos do governo, desde que foi imposto, em 1962, o embargo já custou a Cuba pelo menos 236 bilhões de dólares a preços atuais.