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Waltel e seu violão: músico já dividiu apartamento com João Gilberto | Albari Rosa/ Gazeta do Povo
Waltel e seu violão: músico já dividiu apartamento com João Gilberto| Foto: Albari Rosa/ Gazeta do Povo

Waltel Branco comemora hoje 82 anos de vida. Nasceu em Paranaguá no dia 22 de novembro de 1929, ora, o Dia da Música. Era uma sexta-feira, lua minguante, ele descobriu depois. A homenagem ao mestre – como é conhecido nos corredores da Belas Artes e como é chamado pelos melhores violonistas do Paraná – aconteceu no último domingo (20), no Canal da Música. Lá, havia uma plateia pequena, mas interessada.

Delicado e emocionante, o concerto reuniu um time ímpar de violonistas. André Prodóssimo, João Egashira, Mário da Silva, Quarteto Zenamon, Hestevan Prado, Cláudio Menandro e Fabiano Zanin interpretaram 14 composições do mestre que, antes de subir ao palco, assistiu a tudo na primeira fila. Ao lado de "sua senhora", da irmã e do neto, batia palmas, sorria. Estava feliz, enfim.

O concerto também serviu para o lançamento de O Violão Plural de Waltel Branco, disco em que 20 violonistas populares e eruditos recriaram a obra do paranaense. Mais do que um produto-homenagem, o CD é uma forma de divulgar sua música, arrebatadora, mas ainda difusa, apesar de tudo o que fez nestes 82 anos.

E é algo impressionante ver como Waltel, em suas fugas e choros, abusa do violão, extraindo do instrumento incríveis possibilidades sonoras. Foi o que se viu e ouviu em "Rua das Flores", por exemplo, interpretada magistralmente por João Egashira. O violonista convidado, aliás, é um dos muitos homenageados pelo generoso mestre – antes, ele havia interpretado "Choro para Egashira".

Por sua história na música mundial – Waltel já foi parceiro de João Gilberto e Dizzy Gillespie, pra começo de conversa –, e por seu talento indiscutível, mesmo brigando com os dedos que já não o obedecem à risca, surge uma espécie de força invisível quando o violonista segura seu instrumento, "sua religião", como define. Pois no Canal da Música, viam-se tanto jovens instrumentistas boquiabertos quanto senhores que esboçavam um sorriso, como se dissessem "que maravilha".

No final do concerto, Waltel subiu ao palco enquanto a plateia o aguardava, de pé, em sinal de respeito. Tocou três peças. Uma delas, ensolarada e fresca, foi em homenagem ao neto. Vieram os parabéns como surpresa, um bolinho simples e o apagar das velas. Uma delas, entretanto, insistia em reacender. Metáfora perfeita para a vida de Waltel Branco, que se recria e parece querer sempre brilhar por aí.

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