Serviço
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Não são apenas os instrumentos de época que tornam especial o concerto de abertura da primeira Mostra Internacional de Música Antiga de Curitiba, que acontece hoje, às 20h30, no Miniauditório do Teatro Guaíra (Veja o serviço completo do festival no Guia Gazeta do Povo). A afinação dos instrumentos e a técnica dos músicos são diferentes e as cordas dos violinos são de tripa, mas é o trabalho de constante investigação que torna esses especialistas em obras anteriores ao classicismo uma espécie de detetives da música do passado.
"O legal da música antiga é que você vai descobrindo a cada dia uma obra nova, que precisa ser recuperada, adaptada para a escrita moderna. É meio que um trabalho arqueológico, o que é apaixonante", diz a soprano Marília Vargas, idealizadora e diretora artística da mostra, que terá a apresentação dos repertórios medieval, renascentista, barroco e clássico de hoje a domingo, com apresentações também no Paço da Liberdade e na Capela Santa Maria todas com entrada franca.
"É preciso estudar a interpretação da música antiga, o estilo, a ornamentação da época a partir de tratados, partituras, até instinto. É necessário muito estudo e muita pesquisa para se formar a estética. Por isso, o músico de música antiga sempre tem um lado musicólogo", diz a cantora, que se apresenta na abertura com o grupo francês Le Parlement de Musique.
Tradição
Marília explica que idealizou a mostra inspirada na tradição dos curitibanos com o tema, que ganhou força em todo o mundo a partir dos anos 1960. Eventos como o Encontro de Música Antiga de Curitiba, realizado em 1983, o Festival Internacional de Música Antiga e Tradição Oral, em 1996 e 1997, e a Oficina de Música de Curitiba criaram uma "aura" que, de acordo com Marília, levava pessoas de fora a deduzirem que ela estudava esse tipo de repertório por pertencer à cidade.
Uma das expoentes dessa cena foi a musicista Eunice Brandão, morta em 2001, que é homenageada na mostra. A instrumentista era especialista em música antiga, e trabalhou em grupos como a Camerata Antiqua e o Conjunto Renascentista nomes que, junto com grupos como Studium Musicae, Madrigal Vocale, Canto Colonial de Curitiba, Americantiga, Le Baroque Brexó e Quarteto Angra, ajudaram a construir formar a tradição.
Semeadura
Marília explica que, ao convidar músicos brasileiros residentes no país e no exterior, além de grupos estrangeiros como o Parlement e o Ensemble La Selva, com quem se apresenta na Europa, quer aumentar a presença da música antiga no Brasil. Estarão presentes instrumentistas de cravo, violino, violoncelo e oboé barrocos, teorba e viola da gamba, dentre outros instrumentos de época. "A maioria teve que sair do país para estudar, e agora estão começando a voltar. Queremos semear esse estilo aqui para nos equipararmos com o resto do mundo que prestigia a música antiga", diz.
Serviço
Mostra Internacional de Música Antiga de Curitiba. Le Parlement de Musique- Pequeno Auditório do Teatro Guaíra (R. Amintas de Barros, s/nº), (41) 3304-7900.- Hoje, às 20h30.
Bach Sonatas- Sesc Paço da Liberdade (Pça. Generoso Marques, 180), (41) 3234-4200.- Amanhã, às 20h30.
Recital Nicolau de Figueiredo- Sesc Paço da Liberdade.- Sexta-feira, às 20h30.
Mostra Jovem- Sesc Paço da Liberdade.- Sábado, às 11h.
Ensemble La Selva- Sesc Paço da Liberdade.- Sábado, às 20h30.
Concerto Especial- Capela Santa Maria Espaço Cultural (R. Cons. Laurindo, 273), (41) 3321-2840.- Domingo, às 11h.
Buxtehude, Membra Jesu Nostri- Capela Santa Maria.- Domingo, às 18h.