Os ares de proteção ambiental que se respiram no Paraná por conta das conferências promovidas pela Organização das Nações Unidas estão sendo considerados a ocasião ideal para encerrar a novela da criação de cinco unidades de conservação ambiental no estado. O Ministério do Meio Ambiente (MMA) prepara para os próximos dias a assinatura do decreto de implantação, embora as negociações entre ruralistas e ambientalistas continuem travadas em Brasília.
Três senadores e onze deputados federais paranaenses participaram nesta quarta-feira de uma reunião com técnicos do MMA para reavaliar o tamanho das unidades de conservação. Ganharam um dia de prazo para provar que 160 famílias de pequenos produtores serão prejudicadas pelas desapropriações e para propor um novo contorno das áreas. Além disso, os ruralistas ainda tentam convencer os técnicos a implantar unidades menos restritivas ao uso humano em parques ou reservas ecológicas é proibida a residência de pessoas ou a criação de animais, atividades permitidas em uma área de proteção ambiental.
Se não houver consenso, a Justiça deve definir a questão. Há oito pedidos de liminar tentando barrar a criação das unidades, extra-oficialmente marcada para o dia 26 de março, quando o presidente Lula estará em Curitiba. Os juízes decidiram não conceder as liminares antes de dar direito de argumentação ao MMA. As partes, no entanto, apostam no acordo. "Esta é a oportunidade de mostrar que é possível chegar a uma decisão que agrade os interesses de todos", afirma um dos coordenadores da comissão ruralista, Douglas Taques Fonseca. "Estamos bem próximos da definição", resumiu o secretário de Biodiversidade e Florestas do MMA, João Paulo Capobianco.
Está em jogo a implantação do Parque Nacional dos Campos Gerais, da Reserva Biológica das Araucárias, do Refúgio de Vida Silvestre do Rio Tibagi, do Refúgio de Vida Silvestre dos Campos de Palmas e da Reserva Biológica das Perobas, abrangendo no total 11 cidades. A intenção é garantir a proteção dos remanescentes da mata de araucária e de campos.