“Conselho de Classe” e o absurdo na educação

Uma das peças mais esperadas pela classe artística neste Festival de Teatro, "Conselho de Classe" fez sua primeira sessão na noite de sábado (5) com uma dose cavalar de realidade. O espetáculo realiza a última apresentação neste domingo, mas com ingressos esgotados.

Passada num ginásio escolar público do Centro do Rio de Janeiro, a peça engana ao propor um retrato aparentemente realista de uma reunião escolar de fim de ano. Os professores chegam reclamando do calor, da falta de infraestrutura do local e dos alunos. Aos poucos, o que parecia ser um espelho fiel de uma situação típica ao universo do ensino se transmuta.

As pitadas de absurdo que vêm enriquecer a encenação deixam pasmos grupos de professores na plateia, que até ali se alegravam em comparar cada personagem com colegas seus de magistério – alguns em alto e bom som.

No decorrer da atrapalhada reunião, entramos em contato com as rixas internas e descobrimos que a diretora está afastada após ter sido vitimada em meio a uma pitoresca rebelião inspirada no patrono da escola, o dramaturgo Dias Gomes.

Apesar dos felizes momentos em que o nonsense abocanha o realismo, é impossível não sair com alguma reflexão sobre a verdadeira educação brasileira – essa que todos concordam ser a solução para o país, mas em cujo lamaçal poucos querem adentrar.