A revista "New Yorker" publicou nesta semana uma história de F. Scott Fitzgerald, intitulada "Thank you for the light", que foi rejeitada há quase 80 anos. Em 1936, editores da publicação disseram que o texto estava "fora de questão" e que "parecia muito diferente do que ele costumava escrever, além de ser fantástico demais".

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A história, de apenas uma página, foi descoberta pelos netos do autor de "O grande Gatsby" entre seus papéis. De acordo com Deborah Treisman, a editora de ficção da "New Yorker", James West, um estudioso da obra de Fitzgerald, achou o texto quase "tchekhoviano" e sugeriu que a família pedisse à revista uma nova chance.

Senhora Hanson, a protagonista de "Thank you for the light", uma vendedora viúva de 40 anos, tem nos cigarros sua grande consolação. Após ser transferida para um novo território de vendas, no oeste, ela descobre que a desaprovação sobre o cigarro é ainda maior do que no leste. A história ainda sugere que até uma lei contra o fumo. Desesperada por um cigarro, mas sem graça de fumar em público, ela se esconde numa catedral católica. Sem ter um fósforo, ela consegue acender com uma ajuda divina, o que dá um duplo sentido ao título do texto.

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Fitzgerald era fumante e alcóolatra, mas na época em que o texto foi escrito, a bebida já tinha destruído sua carreira e ele estava se esforçando para se manter nos eixos. É tentador ver a situação da senhora Hanson não só como um reflexo de mulheres fumantes nos anos 30, mas também como uma metáfora para o alcoolismo. Se você ler a história desta forma, a irônica prece do final é outra versão do sentimento de perda espiritual e vazio de Fitzgerald.

Além disso, a noção do cigarro banido pode ser considerada estranha. A proibição havia terminado havia três anos e muitas partes do país nunca a acataram. A era evocada na história é mais apropriada para a era atual, quando o fumo é considerado culposo. A diferença é que diferentemente da sra. Hanson não se pode mais se esconder em locais fechados para dar um trago. A rua é a única opção.