Enquanto um grupo de cientistas que se autoproclamam independentes criticava o que seria um alarmismo extremado em relação aos transgênicos, outros pesquisadores de cinco países, em um encontro realizado em Curitiba, reafirmavam o seu temor em relação à transgenia.

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Para os cientistas reunidos no Seminário Internacional sobre a Implementação do Princípio da Precaução do Protolo de Cartagena, promovido neste domingo, no auditório do Museu Oscar Niemeyer, em Curitiba, a introdução de transgênicos na agricultura está sendo realizada sem os devidos cuidados científicos. O seminário foi promovido pelo governo do estado – crítico do uso dos transgênicos.

O bioquímico Camilo Rodriguez Beltran, do Instituto de Ecologia do Gene da Nova Zelândia, disse que ainda há muitas incertezas científicas a respeito dos transgênicos. Segundo ele, a adição de um gene estranho a uma planta implica necessariamente na produção de uma série de novas proteínas que aquele vegetal não tinha anteriormente (sendo que uma dessas proteínas supostamente dará ao organismo uma característica desejada).

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O problema, afirmou Beltran, é que uma mesma proteína pode ter uma "estrutura de montagem" diferente no transgênico. Essa estrutura diferenciada pode ser suficiente para criar um efeito tóxico não previsto. O mal da vaca louca, ocasionado pela proteína príon, seria um exemplo disso. Por isso, disse Beltran, é preciso que a introdução de um transgênico seja feita seguindo o princípio da precaução. "O mundo científico ainda tem lacunas com relação aos organismos geneticamente modificados", disse ele.

O pesquisador Miguel Guerra, professor de Fisiologia do Desenvolvimento Vegetal da Universidade Federal de Santa Catarina, afirmou que, até agora, a liberação de plantas transgênicas para a agricultura vinha sendo realizada a partir do princípio da familiaridade, por meio do qual se autoriza um plantio se não houver nenhuma evidência científica de que as conseqüências daquela atividade sejam nocivas ao homem ou ao meio ambiente. "Mas dizer que não há evidências pode indicar tanto a a ausência de provas como a de estudos", disse Guerra. Segundo ele, há "lições do passado" que reforçam a necessidade de se adotar o princípio da precaução no caso da transgenia: a poluição industrial, do uso de pesticidas na agricultura e do mal da vaca louca.

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