Victor Mancini teve uma infância complicada. A mãe, completamente louca, vivia sendo presa por atentados contra a propriedade e a ordem. Sempre que conseguia fugir da prisão, a mulher dava um jeito de seqüestrar o filho por alguns dias, obrigando-o a acompanhá-la em seus novos delitos.
Os traumas da experiência ao lado da figura materna acompanham o rapaz pelo resto da vida. Quando adulto, ele não consegue se encaixar no trabalho e nos relacionamentos, tornando-se um sexólatra (em contínuo tratamento) e vivendo de dar golpes nas pessoas freqüenta restaurantes caros e finge se engasgar, sendo salvo pelos mais abonados que depois passam a lhe ajudar financeiramente. Mas suas falcatruas têm um sentido "nobre": pagar a conta do hospital de Ida Mancini, a mãe que passa a definhar em uma cama por causa do Alzheimer.
Victor Mancini é o personagem central de No Sufoco (Rocco; 264 págs; R$ 37; tradução de Paulo Reis e Sergio Moraes Rego), do escritor americano Chuck Palahniuk, obra que chega ao Brasil quatro anos depois de seu lançamento nos EUA. Assim como o Tyler Durden de Clube da Luta (Nova Alexandria) livro de estréia do autor, de 1996, que causou impacto ainda maior depois de ser levado às telas por David Fincher, no filme homônimo estrelado por Brad Pitt e Tender Branson de O Sobrevivente (Nova Alexandria), Mancini é mais um homem a ir contra as normas estabelecidas.
Alguns podem dizer que o americano quer apenas chocar e uma leitura sem maior profundidade de seus livros pode levar a essa conclusão precipitada. Mas é por meio de personagens "desajustados" que Palahniuk faz sua crítica à sociedade ocidental, principalmente à americana. Capitalismo, consumismo, a busca frenética pelo sucesso, a cultura do vencedor, nada escapa do olhar ácido do autor, que detona esses e outros temas com muita ironia e humor negro. No Sufoco tem os mesmos elementos, porém sem o mesmo impacto de Clube da Luta, mas isso não impede que o livro seja atraente ao leitor.
Na nova obra (que, assim como O Sobrevivente, teve os direitos vendidos para o cinema; os filmes ainda não têm previsão de estréia), Palahniuk mantém a estrutura de capítulos curtos e narrativa em primeira pessoa do personagem central. Assim como Clube da Luta, a história tem um ponto de virada importante, mas dessa vez previsível para o leitor mais atento.
GGG
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