Cena do filme "Contra o Tempo"| Foto: Divulgação
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Ressuscitando a tendência a uma ficção científica mais cerebral, Contra o Tempo (veja horários das sessões; atenção à data de validade da programação em cinza), do novato cineasta britânico Duncan Jones (do premiado "Lunar," 2009), é uma centrífuga de influências.

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Embora a história do roteirista Ben Ripley não seja tão sofisticada quanto a obra do escritor Philip K. Dick, ela tem algo em comum com o recente "Os Agentes do Destino", inspirado na obra de Dick.

Há também um pouco de "Feitiço do Tempo" (1993), especialmente numa viagem no tempo que se repete à revelia do protagonista, o capitão Colter Stevens (Jake Gyllenhaal, de "O Segredo de Brokeback Mountain").

Mas esqueça o tom de comédia do antigo filme estrelado por Bill Murray. Afinal, Stevens está engajado numa missão militar da qual nem ele, a princípio, conhece os detalhes.

Há um clima de thriller, já que Colter descobre-se a bordo de um trem que vai para Chicago, ao lado de uma bela moça a quem nunca viu, Christina (Michelle Monaghan). No entanto, ela conversa com ele como se se conhecessem. Poderia tratar-se de uma maluca, apenas. Mas, quando Colter se vê no espelho do banheiro do trem, é o rosto de outro homem que enxerga.

Ele não tem tempo para pensar muito, já que acontece uma explosão e ele se vê confinado a uma espécie de cápsula, onde está conectado à misteriosa voz de Colleen Goodwin (Vera Farmiga, de "Amor Sem Escalas") - que passa a ser, para ele, o único contato com o que se poderia chamar de realidade.

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O suspense do filme é mantido pela fórmula da revelação a conta-gotas, em que o espectador vai descobrindo a verdadeira situação de Colter e a missão que se espera dele, ao mesmo tempo em que o próprio capitão, um piloto de helicóptero cuja última memória vem da guerra do Afeganistão, descobre.

Não estraga nenhum segredo dizer que Colter é participante de um projeto científico ultrassecreto, que lhe possibilita entrar na memória de um passageiro do trem destruído oito minutos antes da explosão. Pretende-se usar sua Inteligência militar para vasculhar o vagão, à procura de indícios que permitam identificar o criminoso, já que há suspeita de que outra explosão está perto de acontecer.

O cenário único desta viagem incessante aos mesmos oito minutos causa mudanças emocionais em Colter. Como o fato de que ele começa a se interessar seriamente por Christina, sua adorável companhia no fatídico trem. Será possível mudar o destino dela? Colter vai tentar fazer isso, ainda sem saber qual é, afinal, sua própria situação.

Jogando com uma série de possibilidades, o roteiro não deixa de apresentar seus pontos obscuros, caso submetido a um teste rigoroso de lógica. O que acontece, por exemplo, com a memória e os sentimentos do homem do qual Colter está invadindo o corpo nos oito minutos pré-explosão?

Não há resposta para tudo. Mas, caso se resolva dispensar a exigência de uma coerência perfeita, em favor de acompanhar o envolvimento de Colter, Christina e da oficial Colleen, "Contra o Tempo" sem dúvida pode ser muito envolvente. Conta muito para isso o carisma deste formidável trio de atores.

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