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Guarda-chuvas recobrem personagens ensimesmados durante a estação da tristeza, representada no balé Faces | Divulgação/ Teatro Guaíra
Guarda-chuvas recobrem personagens ensimesmados durante a estação da tristeza, representada no balé Faces| Foto: Divulgação/ Teatro Guaíra
  • Bailarinos colaboraram na coreografia, assinada por Eunice Oliveira

No primeiro espetáculo "totalmente seu", da concepção à direção, a coreógrafa Eunice Oliveira ilustra uma questão que parece afligi-la. As mudanças de julgamento por que se passa ao longo do tempo.

"Tento dar a ideia de que a gente julga um acontecimento como bom ou ruim no momento e, mais para frente, percebe que foi o contrário", diz a diretora. Com as opiniões que formulamos sobre as pessoas, o mesmo se sucederia. "Talvez ela não seja nenhuma dessas coisas que os outros pensam que ela seja. O que importa, nesse caso, é buscar a verdade, e não o julgamento superficial", conclui.

De suas observações, nasceram os personagens envolvidos em Faces, produção que os bailarinos do Guaíra 2 Cia de Dança, o G2, estreiam hoje, às 20h30, no Guairinha.

"Para falar a verdade, não tenho muita certeza se isso aparece claramente na coreografia", confessa a criadora. Mas é essa discussão que delineia os seis personagens, acompanhados em cena por mais cinco bailarinos. Juntos, perpassam os humores cambiantes ao longo da vida, os quais Eunice relaciona às quatro estações do ano. A começar pelo outono, entendido como uma fase de depressão, seguida pelo inverno, época em que se afundam mais nos problemas. A primavera surge para simbolizar o renascer, o fim da tristeza, até que venha o verão e, com ele, a colheita, quando o grão morre e o ciclo se encerra.

As transições são marcadas pelo "descascar" de figurinos – de início, escuros e sobrepostos, por fim, leves e claros – em um cenário ocupado por um cubo feito de metal e acrílico, cuja superfície imita vidro jateado e absorve as cores da iluminação. A peça de seis faces é deslocada pelo palco, inventando novos desenhos e situações.

A trilha sonora determina a movimentação fluida dos bailarinos, que não se prende à cadência das músicas, mas tenta traduzir o sentimento de canções diversas, escolhidas a dedo pela coreógrafa para caracterizar os personagens. Sons tão diferentes quanto os produzidos pelos cubanos do Buena Vista Social Club, o compositor americano de trilhas cinematográficas James Newton Howard (de Uma Linda Mulher), e o reggae judaico de Matisyahu.

"Não sei se tem uma coesão", diz a coreógrafa, que optou pela pluralidade na falta de uma trilha original. "Não tínhamos possibilidade financeira de compor a música, o que seria o ideal. Fica uma espécie de colcha de retalhos, mas, na sequência dos acontecimentos, passa a fazer sentido e os recortes se diluem."

Eunice Oliveira é ensaiadora do Balé do Teatro Guaíra (BTG). Antes de Faces, já havia trabalhado com o G2 durante o Ateliê Coreográfico, no ano passado. Seu espetáculo, Sem Texto, Sem Contexto, agradou e lhe rendeu o convite para coreografar o grupo, que colaborou com o processo de criação.

Sua experiência como coreógrafa profissional, até então, se resumia a dois espetáculos teatrais, uma peça infantil e outra no estilo do teatro de revista, das quais participou enquanto morava na Alemanha, entre 1993 e 2000. Com Faces, arrisca um passo mais largo em sua carreira.

Serviço

Faces. Guairinha (R. XV de Novembro, s/n.º), (41) 3315-0979. Coreografia de Eunice Olivera. Com o Guaíra 2 Cia. de Dança. Dias 28, 29 e 30, às 20h30. R$10. 50% de desconto para portadores do Cartão Teatro Guaíra. Dia 31, às 18 horas, pelo Teatro para o Povo. Entrada franca.

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