A luz se acendeu e Ney Matogrosso surgiu com um terno impecável sobre uma camisa prateada aberta no peito e uma gravata despojada. "Tango para Teresa" foi a primeira da noite, e demonstrou logo o trabalho arrojado do maestro Leandro Braga que o acompanha ao piano e assina os arranjos do disco e do show.
Por mais que não ganhe grande amplitude no palco e permaneça sobre seu centro a maior parte do tempo, todos os movimentos de Ney Matogrosso parecem grandiosos. São matemáticos ele sabe onde está a luz e qual será a próxima nota , mas também poéticos, já que seus braços e pernas ganham movimentos de balé.
Em "Da Cor do Pecado", Ney reclina-se em uma cadeira e respira fundo, encarando os que estão nas primeiras fileiras. Então levanta, rebola sensualmente e se contorce quando, de maneira incrível, eleva sua voz a um tom raro.
O telão atrás dos músicos chapa a cor azul e "Fascinação" promove suspiros em meio ao público. Ney se transfigura ao cantar, adquire uma persona não vista no camarim e chega-se a uma inevitável conclusão: não é possível tirar os olhos dele, por mais que Lui Coimbra (cello e violão), Ricardo Amado (violino e bandolim) e Felipe Roseno (percussão) contribuam decisivamente para o sucesso da voz que enche a sala.
Todas as 14 músicas do disco homônimo foram executadas na última terça-feira. Os vídeos e a alternância de momentos visuais atrás de si contemplavam a iluminação simples, mas eficaz. Então "A Cor do Desejo" arrancou aplausos mesmo antes de finalizada. "Te amo, Ney!", gritou um senhor na segunda fileira. "De Cigarro em Cigarro" demonstrou o total domínio de cena do artista por meio de pequenas "ironias vocais", quando brincava com sua arte e exigia ao máximo de sua voz.
O cenário muda quando "Bicho de Sete Cabeças", sob as cordas tensas de um cello, surge frenética. Ney grita, mas não exagera. Provoca, mas não é inconveniente. Dá nova vida a canções antigas graças à sua dedicação no palco. E Ney também é o Ney de outrora, quando abre ainda mais sua camisa de seda, joga a gravata no chão e encara o público com ar de provocação.
O bis contou com um pout-pourri rápido. "Incinero" (de Mauro Aguiar), uma citação à "Tema de Amor de Gabriela" (Tom Jobim) e "Poema dos Olhos da Amada" (Vinicius de Moraes). Aplausos sinceros a um dos maiores intérpretes do Brasil. Importe-se ele com o elogio ou não.
Centrão não quer Bolsonaro, mas terá que negociar com ex-presidente por apoio em 2026
“Por enquanto, eu sou candidato”, diz Bolsonaro ao descartar Tarcísio para presidente
Ucrânia aceita proposta dos EUA de 30 dias de trégua na guerra. Ajuda militar é retomada
Frei Gilson: fenômeno das redes sociais virou alvo da esquerda; ouça o podcast