Como você se tornou artista do gênero pansori?
Eu já era uma cantora famosa aos 4 anos de idade. Naquela época, conheci um mestre do pansori numa emissora e ele sugeriu que eu me tornasse sua primeira aluna. Então comecei a estudar o pansori.
Como é o pansori?
É uma forma de performance típica da Coreia. É algo tradicional, temos cinco tipos: simchung-ga, chunhyang-ga, heongbo-ga, jeokbyuk-ga e sugung-ga. Os professores têm que ensinar essas histórias tradicionais. De acordo com a tradição, apenas uma pessoa fica no palco e canta um pansori, como um contador de história. Ao lado dele, fica um percussionista com um buk [espécie de tambor] que ajuda o cantor. Eles contam uma história por meio do ritmo, palavras, expressões, comportamento, canto, atuação, movimentos etc., durante 4 a 8 horas [no festival, a apresentação terá 2 horas e 20 minutos].
Como é o espetáculo que vocês trarão?
Nosso teatro é baseado nessa tradição, mas nós tentamos torná-lo mais moderno. Então optamos por uma história contemporânea, e a fizemos no estilo pansori, com tecnologia atual (no figurino, luzes, palco, instrumentos...).
Qual sua relação pessoal com Brecht e Mãe Coragem?
Eu gosto da história de Brecht. Quando escolhemos peças, nos perguntamos: "Essa peça está falando sobre nós mesmos?" Em Mãe Coragem, uma mulher vive em meio à guerra. Eu senti que ela é muito similar a mulheres atuais, como eu. O capitalismo é outra guerra. Todos nós vivemos nessa outra guerra. Eu só quero retratar a nós mesmos. E cantar sobre esperança.
Você fica sozinha no palco?
Eu fico no palco com três músicos, e com a plateia. No pansori, a plateia é muito importante. Isso me dá energia, melhora o desempenho. Como seu trabalho é recebido fora da Ásia? Existe um choque cultural?
Na França, Polônia, Estados Unidos e Romênia sempre recebemos aplausos em pé. Na Romênia, me disseram: "Estamos chocados porque nunca vimos nada assim antes, vocês são muito teatrais e livres no palco".
Você se considera uma "embaixadora" da cultura coreana em suas viagens?
Nunca pensei assim. Nós só tentamos fazer um bom espetáculo onde quer que formos. Assim, as pessoas terão mais interesse em relação à Coreia, o que é um bom efeito, mas não nosso objetivo. Só queremos dividir nossa história, e ter comunhão com as pessoas, dividir um pouco de alento. Pode soar arrogante, mas sempre quero cantar um "alento" quando estou no palco.
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