O último trabalho de Cleyde Yáconis na televisão foi a novela "Passione", de Silvio de Abreu, em 2010| Foto: Divulgação/TV Globo

O corpo da atriz Cleyde Yáconis, que morreu ontem em São Paulo, foi enterrado hoje, por volta das 17h40, em Cajamar, a 41 km da capital paulista. O velório foi realizado em Jordanésia, distrito da cidade. A atriz mantinha uma casa no local.

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Participaram da cerimônia o autor de novelas Silvio de Abreu (com quem Cleyde fez seu último trabalho televisivo, "Passione", em 2010) e o ator Stênio Garcia, com quem ela foi casada por 11 anos.

Cleyde estava internada desde outubro de 2012 no Hospital Sírio-Libanês, em São Paulo, devido a um caso de isquemia.

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Em 2010, ela havia fraturado o fêmur numa queda, e teve de passar por uma cirurgia no Hospital Barra D'Or, no Rio, onde ficou internada durante seis dias.

Com mais de 30 anos de carreira, Cleyde Yáconis ganhou popularidade em vários papéis na teledramaturgia, mas teve atuação consagrada no teatro, onde iniciou a profissão, na década de 1950, sob influência da irmã, Cacilda Becker. Ela sofreu a repressão da ditadura militar e foi presa pela atuação na peça "Vereda da Salvação", texto de Jorge Andrade, que retravava o conflito pela terra, em 1964. Entre os colegas de palco estavam Raul Cortez, Stênio Garcia e Lélia Abramo. Em "Passione", viveu Brígida, sua última personagem na televisão.

No teatro, sua última peça, "Elas Não Gostam de Apanhar" (montagem de Nelson Rodrigues), estreou em julho de 2012. A atriz não deixou filhos.

Carreira

Nascida em Pirassununga (230 km de São Paulo), em 14 de novembro de 1923, Cleyde Becker Yáconis teve uma infância pobre e, incentivada pela mãe, fez um curso de enfermagem, na intenção de se tornar médica.

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Em 1950, foi levada pela irmã Cacilda para trabalhar com os figurinos do TBC, onde começou a carreira. Mesmo sem intenção de se tornar atriz, substituiu Nydia Licia no papel de Rosa Gonzalez, em "O Anjo de Pedra", de Tennessee Williams. Por sua atuação, foi convidada para o papel de Annette, em "Pega-fogo", de Jules Renard. Com isso, desistiu de prestar o exame de admissão para a faculdade de medicina. Em 1951, foi premiada pela Associação Paulista de Críticos Teatrais como revelação. De 1950 a 1964, participou de 35 montagens no TBC.

Ao lado de Cacilda Becker, Ziembinski, Walmor Chagas e Fredi Kleeman, fundou o Teatro Cacilda Becker, em 1958. A partir de 1966, começou uma longeva carreira na televisão, fazendo novelas na TV Tupi, na TV Excelsior, na Cultura, na Band, no SBT, na Record e na Globo. Na Tupi, esteve em "O Amor Tem Cara de Mulher", de 1966, e "Éramos Seis", de 1967, entre outras. Na Excelsior, atuou em novelas como "Os Diabólicos", de 1968, e "Vidas em Conflito", de 1969.

No SBT, atuou em "Meus Filhos, Minha Vida", de 1984, e "Uma Esperança no Ar", de 1985.

Na Globo, fez papéis marcantes em novelas famosas, como "Rainha da Sucata" (1990), "Vamp" (1991), "Torre de Babel" (2001) e "Eterna Magia" (2007). No cinema, trabalhou em filmes como "Na Senda do Crime", de Flamínio Bollini Cerri (1954), "A Madona de Cedro", de Carlos Coimbra (1968), "Parada 88 - O Limite de Alerta", de José de Anchieta (1977), "Dora Doralina", de Perry Salles (1982), e "Jogo Duro", de Ugo Giorgetti (1985).

Em 2003, recebeu pelo conjunto de sua obra o Grande Prêmio da Crítica da Associação Paulista de Críticos de Arte (APCA). Ganhou também o Prêmio Jorge Amado de Literatura e Arte, dedicado ao teatro.

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Dois anos mais tarde, ganhou do Ministério da Cultura a Ordem do Mérito Cultural.

Já em 2009, recebeu como homenagem um teatro com seu nome, o Teatro Cleyde Yáconis, na região sul de São Paulo --anteriormente, o local era conhecido como Cosipa Cultura.

Sua vida foi retratada por Vilmar Ledesma no livro "Cleyde Yáconis - Dama Discreta" (Imprensa Oficial, 208 págs., R$ 15), da Coleção Aplauso, lançado em 2004.