
O admirável e único mundo editorial gaúcho é tecido tanto por grifes literárias, como Moacyr Scliar, Luis Fernando Verissimo, Lya Luft, Daniel Galera, Fabrício Carpinejar e outros nomes de ressonância nacional, mas também por fenômenos que acontecem sobretudo em âmbito porto-alegrense ou mesmo pampeano. Da Feira do Livro, que já ultrapassou 50 edições, a saraus no Bar Ocidente. Dos cursos de criação literária de Luiz Antonio de Assis Brasil a verdadeiras lendas urbanas, como Nei Lisboa, Altair Martins e, sobretudo, Sergio Napp.
Napp transitou por várias possibilidades da palavra nos seus 70 anos. É autor de "Desgarrados", um hit e hino entre os riograndenses. Outras de suas canções foram gravadas por vários artistas, incluindo Elis Regina, Emílio Santiago e Thedy Corrêa (da banda Nenhum de Nós).
Ele escreveu dezenas de livros, pelo menos dez deles publicados por editoras gaúchas. A obra mais recente, Das Travessias, sai com o selo da WS Editor. Premiado em inúmeros concursos, até hoje ainda não foi observado atentamente por nenhuma grande editora brasileira.
Das Travessias, com 14 contos, é uma espécie de síntese de toda a proposta do escritor de fazer ficção. Os textos dialogam com a tradição por meio de linguagem direta e falsamente fácil. O leitor voraz que Napp é, transformado em autor, não deixa transparecer em suas linhas as "águas" e demais fontes em que mergulhou, bebeu, digeriu e, enfim, reprocessou a linguagem. Há sonoridade, ecos de seu ouvido musical, em toda nuance e frase, sobretudo nos silêncios que pontuam e conduzem as peças de invenção breves, no ritmo da urgência desses tempos velozes.
Os contos, de maneira geral, tratam do que está sinalizado no título: travessias. Os personagens, adultos, mas sobretudo adolescentes e jovens, são confrontados com os desafios e impasses do mundo, vasto mundo. O autor oferece metáforas, como uma rede que enovela um menino no mar. Os diversos estímulos da realidade, que tendem a desequilibrar os seres do cotidiano, são recriados literariamente por esse artista da palavra escrita que se chama Sergio Napp.
Serviço
Das Travessias. Sergio Napp. WS Editor. 64 págs. R$ 18.
O minério brasileiro que atraiu investimentos dos chineses e de Elon Musk
Desmonte da Lava Jato no STF favorece anulação de denúncia contra Bolsonaro
Fugiu da aula? Ao contrário do que disse Moraes, Brasil não foi colônia até 1822
Sem tempo e sem popularidade, governo Lula foca em ações visando as eleições de 2026
Deixe sua opinião