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A indústria do entretenimento não perdoa nem mesmo os maiores sucessos, e isso já seria o suficiente para não estranhar que uma banda com hits como "Tarde de Outubro", "Regina Lets Go", "Chegou a Hora de Recomeçar", "Dias Atrás", "Não Sei Viver sem Ter Você" e "Um Minuto para o Fim do Mundo" perdesse a visibilidade com o tempo. Mas não foi apenas esse o causador da fase complicada a que a banda paulista CPM 22 remete nas canções de seu novo disco, Depois de Um Longo Inverno (2011), que apresenta ao lado dos maiores sucessos neste sábado, a partir das 16 horas, no Espaço Cult (Veja o serviço completo do show no Guia Gazeta do Povo), com abertura do grupo Rancore.
"É um disco com músicas em que escrevemos sobre o que vivemos nos últimos anos. Tivemos alguns problemas para sair da gravadora e para romper com o nosso empresário, o Rick Bonadio. Também teve a saída do [guitarrista] Wally, que estava desde o começo na banda", conta Badauí, o vocalista do grupo, por telefone. "Tivemos que enfrentar tudo isso", diz.
Passada a tormenta, a banda gravou o novo disco depois de quatro anos sem lançar álbuns de inéditas desde Cidade Cinza, de 2007. O resultado ficou mais solar, com referências diretas ao punk rock e ao ska, com incorporação de arranjos de sopro e órgão (escritos pelo renomado Daniel Ganjaman, produtor de discos como Nó na Orelha, de Criolo) e de instrumentos como vibrafone e violoncelo. "O nome Depois de Um Longo Inverno tem a ver porque retrata uma fase superada. Ele cita momentos em que passamos por coisas ruins, mas com um clima positivo, para cima, com a levada mais festa do ska. Coube bem nesse momento", diz Badauí.
Atitude
Badauí garante que a essência da banda, no entanto, não mudou. "Os instrumentos de sopro e o ska deram uma dinâmica diferente ao show. Pelo fato de fazer bastante tempo que tocamos em Curitiba, talvez o público sinta diferença. Mas está tudo no mesmo universo", diz o músico, que diz sentir falta da postura de contestação, revolta e "atitude" entre as bandas da nova geração coisa que, para ele, o CPM 22, embora fora dos holofotes por não ter mais um Rick Bonadio e uma grande gravadora como suporte, preserva. "A gente fala sobre sentimento, cotidiano. Mas fala sobre a vida, sobre a verdade, sobre o que as pessoas vivem", diz Badauí, que não acredita ter influenciado bandas como Restart.
"Rock sempre teve pegada adolescente, e sempre vai ter. Só que aquele adolescente com mais atitude", diz Badauí. "A molecada precisa se antenar e tentar mudar esse panorama. Tem que pedir música nas rádios, ir pra rua, jogar bola, viver mais a vida. Falta malandragem."