Criação coletiva com folclore brasileiro

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Toda criança precisa de um super amigo poderoso. Para os pacientes do Hospital Infantil Pequeno Príncipe, esse apoio tem vindo de artistas que ministram oficinas no local e que levam a imaginação dos participantes para muito longe.

Em março deste ano, a iniciativa já rendeu um livro e uma exposição com gravuras, pinturas e fotografias, intitulados Fazendo Arte. Agora, o grupo folclórico-musical Mundaréu lança um CD e um show, com estreia hoje no Teatro Regina Vogue, baseados na experiência de quatro meses passados com cerca de mil pessoas que se alternavam ao longo do período, incluindo pacientes, seus pais ou cuidadores e a equipe do hospital (veja o serviço completo do show no Guia Gazeta do Povo).

Nos encontros, os músicos Itaércio Rocha, Thayana Barbosa e Vinícius de Azevedo levavam instrumentos de percussão e um repertório saído do cancioneiro brasileiro, com destaque para canções do teatro popular, congada e boi-mamão. Depois de apresentar esse estímulo às crianças, elas inventavam histórias relacionadas, faziam músicas e desenhos.

Essa criação era registrada, e, num verdadeiro processo colaborativo, as ideias iniciais, com personagens e até melodias, eram levadas pelos músicos para os quartos de outros pacientes, que acrescentavam suas ideias. "Fiquei abobado com as coisas que eles soltavam e que podiam ser aproveitadas", conta Itaércio à Gazeta do Povo.

Do material criado em conjunto, surgiram duas histórias principais: "Festa do Elefante" e "A Índia e o Colar". Ambas compõem o CD Encanto de Brincar e revelam a importância da ajuda dos amigos. A primeira apresenta um elefante, furioso quando uma menina tenta cavalgá-lo. Um macaco vem ao socorro da dupla e ensina a garota: "Dê um pouquinho de água, maçã e cafuné, o encha de carinho, e fica tudo certo..." Como era aniversário do paquiderme, foram todos festejar.

Um segundo conflito acontece na mata, quando a índia Kaiwoá encontra um colar e se encanta por ele – sem saber tratar-se de fios tecidos pela dona aranha. Em seu socorro vêm a borboleta, "super amiga poderosa", e o indiozinho, que resgata o colar para a garota, e os dois se apaixonam. Numa carta, dona aranha requer sua propriedade de volta, e oferece em troca transferir o know-how de fabricação dos enfeites preciosos.

"É um final feliz que termina com um mito da criação", surpreende-se o músico. A criação começou com marionetes e luz num teatro de sombras.

Depois de reunir todo esse material, o Mundaréu gravou as 21 faixas do álbum com a participação dos músicos Liane Guariente, Melina Mulazani, Du Gomide e João Egashira.

O espetáculo de hoje, que lança o CD, apresenta personagens e narrações, como num teatro musicado. A ideia é fazer outras apresentações em breve, com datas a confirmar. O Sesi de São José dos Pinhais é um dos locais que receberão o espetáculo.