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Os atores mirins precisam apresentar boletins escolares com boas notas para participar das aulas do grupo carioca Os Arteiros, da Cidade de Deus | Divulgação
Os atores mirins precisam apresentar boletins escolares com boas notas para participar das aulas do grupo carioca Os Arteiros, da Cidade de Deus| Foto: Divulgação

Muitos projetos sociais utilizam a arte para estimular crianças a sonhar com um futuro melhor, mas poucos alcançam resultados capazes de excursionar pelo país. É o caso da peça A Menina Cantora no Reino de Sofia, gestada no seio do bairro Cidade de Deus, no Rio de Janeiro e que integra a mostra paralela do Festival de Teatro, o Fringe, de 6 a 8 de abril.

O grupo de teatro carioca Os Arteiros surgiu há quase um ano e meio, num projeto dos cineastas Fernando Barcellos e Rodrigo Felha com o ator Ricardo Fernandes. Além de teatro, as crianças, que têm de 6 a 15 anos, aprendem violino e flauta e são incentivadas a manter boas notas na escola – exigência para participar das aulas.

Fernando, que nasceu na Cidade de Deus e começou, ele próprio, a fazer teatro aos 10 anos de idade, contou à Gazeta do Povo que o grupo começou enorme, com 50 crianças empolgadíssimas. Era o primeiro coletivo de teatro mirim do bairro. Aos poucos, a vida prática de ator, com a exigência de ensaiar um espetáculo, mostrou-se não tão interessante para a maioria. Ficaram 20, depois 16, numa seleção espontânea que revelou jovens com talento para esta arte.

Improviso

O espetáculo dos Arteiros que participa do Fringe começou como vários daqueles produzidos por companhias profissionais: com improvisação coletiva. A semente lançada pelo professor foi a da mitologia grega. Cada criança recebeu um texto ligado a esse universo e, a partir dali, o grupo começou a inventar. Surgiu então uma história paralela, com deuses saindo pelo ladrão. "Queria ver até onde eles podiam chegar. Depois, criei o texto final a partir do que eles improvisaram", conta Fernando.

Assim, surgiu a história da Rainha Sofia, que faz uma negociata e acaba trocando uma voz afinadíssima por um reino cruel, em crise com o deus Marte. Quem traz um alento capaz de modificar a trama pessimista é uma jovem menina cantora. Para contar essa história, estarão em Curitiba 14 crianças do projeto, sendo apenas dois meninos.

Fernando vê muito potencial no grupo. "A gente sempre vê peças com crianças que são infantiloides – um negócio meio bobinho. Nosso espetáculo tem uma parte de denúncia e outra lúdica, mas há um rigor que interessa muito ao teatro. Não como numa ditadura, mas pensando em fazer com excelência, fazer bem, concentrado, numa relação com o trabalho diferente do que numa peça de fim de curso", promete.

Além da excursão a Curitiba, a peça trouxe aos Arteiros outra conquista e revelou talento para seguir os passos de grupos como o também carioca e conceituado Nós do Morro: três dos atores mirins estarão na próxima novela das 21 horas da Rede Globo, Avenida Brasil, que estreia na próxima segunda-feira.

Serviço:

A Menina Cantora no Reino de Sofia. Amorc – Auditório H. Spencer Lewis (R. Nicarágua, 2.620 – Bacacheri), (41) 3351-3000. Dia 6 de abril, às 19h; 7, às 11h; e 8, às 15h. R$ 20 e R$ 10 (meia-entrada, mais taxa de conveniência de R$ 3).

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