A disputa via imprensa travada por grandes nomes da cultura brasileira, na semana passada, resultou em duas coisas. De um lado, uma saudável visibilidade para a discussão sobre financiamento de projetos culturais no Brasil. De outro, em uma comédia de erros involuntária, protagonizada antes de mais nada por Sérgio Sá Leitão, o articulador do Ministério da Cultura com as estatais brasileiras. No fundo, toda a polêmica que envolveu figurões como Caetano Veloso, João Ubaldo Ribeiro, Ferreira Gullar, Zelito Viana e Luiz Carlos Barreto, além do próprio Gilberto Gil foi causada pelo crime de indelicadeza cometido por Leitão.
Jornalista por formação, o assessor de Gil rebateu de maneira truculenta a uma crítica do poeta Ferreira Gullar. O escritor falou, de leve, contra alguns projetos do ministério, em uma entrevista à Folha de São Paulo. Leitão reagiu usando termos como "ex-privilegiados" e "stalinista". Foi o suficiente para que o coro dos descontentes com a atual política federal reagisse. Liderados por Luiz Carlos Barreto e Zelito Viana, eles fizeram um abaixo-assinado pedindo a cabeça de Leitão. O assessor foi à imprensa novamente. E dessa vez foi rebatido por Caetano Veloso, que acusou o ministério e, indiretamente, seu amigo Gil de estarem tomando posturas que lembravam o autoritarismo.
Depois de muito jornal impresso e de muita saliva gasta, Gilberto Gil publicou uma nota dizendo que seu ministério não tem intenção de isolar nem prejudicar ninguém. E deu o assunto por encerrado. Nenhuma vírgula da política cultural foi mudada. (RWG)
STF terá Bolsonaro, bets, redes sociais, Uber e outros temas na pauta em 2025
Estado é incapaz de resolver hiato da infraestrutura no país
Ser “trad” é a nova “trend”? Celebridades ‘conservadoras’ ganham os holofotes
PCC: corrupção policial por organizações mafiosas é a ponta do iceberg de infiltração no Estado
Deixe sua opinião