Desde o sucesso de Gladiador, em 2000, os estúdios de Hollywood apostam alto em nos filmes épicos. Na sua esteira, foram lançados títulos como Tróia, Rei Arthur e Alexandre. Mas nenhum deles chegou aos pés da oscarizada (e muito lucrativa) parceira entre o diretor Ridley Scott e o ator Russell Crowe. Portanto, nada mais apropriado do que uma nova incursão de Scott pelo gênero para reerguê-lo.
Cruzada, já disponível em DVD, é justamente o fruto dessa tentativa. Mesmo porque Gladiador 2 continua no papel, graças à insatisfação do cineasta com os roteiros que lhe foram oferecidos até agora. Enquanto o script ideal não aparece, o responsável por clássicos do porte de Blade Runner e Alien resolveu retomar um projeto antigo, repaginado pelo roteirista estreante William Monahan.
O filme, ambientado no século 12, narra as aventuras de Balian (Orlando "Picolé de Xuxu" Bloom, de Piratas do Caribe), um simples ferreiro francês que perde a fé após a morte da mulher e do filho. Ele ganha uma nova razão para viver quando conhece o pai, Godfrey de Ibelin (Liam Neeson), um cavaleiro inglês que o abandonara ainda bebê. Líder de um exército de cruzados, Godfrey convida Balian para viajar com seu grupo até Jerusalém, onde o rapaz encontraria o perdão divino e a salvação do espírito. No meio do caminho, o nobre britânico morre, deixando para o herdeiro a responsabilidade de continuar sua missão.
Balian ascende rapidamente na Terra Santa. Além de ter sangue "azul", luta como um verdadeiro guerreiro e possui uma invejável habilidade para liderar. Envolvido numa complexa trama política, acaba sendo o único cristão capaz de defender Jerusalém de uma invasão muçulmana. Ou seja, não é um filme sobre as cruzadas propriamente ditas, como sugere o título em português (o original, "Reino dos Céus", seria mais adequado).
Inovação não é o forte de Cruzada tão grandioso quanto Gladiador, mas impregnado de uma série de clichês do gênero. O interessante aqui é a busca por uma visão equilibrada do conflito entre cristão e muçulmanos, como se Scott quisesse se redimir do americanismo explícito de Falcão Negro em Perigo (2000). Ainda assim, o longa dividiu opiniões: houve quem elogiasse o tratamento respeitoso dado aos islâmicos, enquanto outros criticaram uma suposta "defesa do imperialismo". Melhor assistir e tirar as próprias conclusões. GGG
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