Cuba disponibilizou para estudiosos, a partir de segunda-feira, os primeiros de milhares de documentos, fotos e livros digitalizados que pertenceram ao escritor Ernest Hemingway, depois de os artigos terem passado décadas jogados no porão de sua casa nos arredores de Havana.

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A maioria dos papéis nunca foi publicada. Os documentos darão uma nova visão sobre os 21 anos nos quais Hemingway viveu na Finca Vigia, em San Francisco de Paula, onde escreveu algumas de suas maiores obras, disse Ada Rosa Alfonso Rosales, diretora do Museu Ernest Hemingway.

De acordo com ela, estudiosos "poderão debruçar-se sobre documentos que lançam luz sobre o período cubano de Hemingway, que foi muito importante e não é bem conhecido por seus biógrafos".

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O material inclui mais de 2.000 documentos, que vão desde manuscritos de algumas de suas obras até cartas, passando por recibos de lojas, além de 3.500 fotos e 9.000 livros, cerca de 2.000 dos quais se sabe que Hemingway leu porque fez anotações nas margens.

Os documentos incluem relatos codificados feitos por Hemingway de suas façanhas quando procurou submarinos alemães ao largo de Cuba durante a 2a Guerra Mundial e cartas sobre seu caso de amor com a condessa italiana Adriana Ivancich, que se acredita que tenha sido a inspiração da heroína de seu romance "Do Outro Lado do Rio e Entre as Árvores", de 1950, disse Alonso.

Cerca de metade dos 2.000 documentos já foi preservada e digitalizada, estando disponíveis para serem examinados por acadêmicos que enviem pedidos formais nesse sentido.

Por enquanto, os estudiosos terão que ir à Finca Vigia para ver o arquivo, mas ainda neste mês os documentos também serão disponibilizados na coleção Hemingway da biblioteca presidencial John F. Kennedy em Boston, segundo Alonso.

O arquivo não está disponível na Internet, disse ela, mas é provável que seja disponibilizado algum dia.

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O projeto faz parte de um esforço conjunto do Conselho Nacional do Patrimônio Cultural Cubano e do Conselho de Pesquisas em Ciências Sociais norte-americano, sob um acordo de 2002 para preservar os arquivos guardados no porão da casa de Hemingway.

Décadas de exposição à umidade, a insetos e ao calor prejudicaram muitos dos documentos, que foram cuidadosamente restaurados por especialistas cubanos e então escaneados.

Hemingway mudou-se para a Finca Vigia em 1939, um ano antes da publicação de "Por Quem os Sinos Dobram", e escreveu "O Velho e o Mar", "Paris é uma Festa" e "Ilhas na Corrente" enquanto viveu ali, disse Alonso.

Ele recebeu o Prêmio Nobel de Literatura em 1954.

Em julho de 1960 ele retornou aos Estados Unidos, e um ano depois, em 3 de julho de 1961, aos 61 anos de idade, cometeu suicídio em Idaho.

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