Os organizadores Márcio Steuernagel e Luiz Malucelli (à frente), os conselheiros Mauricio Dottori e Harry Crowl, e o coordenador Felipe Ribeiro (ao fundo): espírito coletivo| Foto: Ivonaldo Alexandre/Gazeta do Povo

Veja a programação deste e outros eventos no Guia Gazeta do Povo.

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Criada por iniciativa de um coletivo de compositores de Curitiba, a primeira edição da Bienal Música Hoje, em agosto de 2011, surpreendeu seus organizadores. As lembranças dos jovens Márcio Steuernagel e Luiz Malucelli – integrantes do ensemble entreCompositores, junto com Fernando Riederer, Vinicius Giusti e Lucas Fruhalf –, e dos compositores e professores Harry Crowl e Mauricio Dottori, são de um encontro de alto valor artístico e boa repercussão (veja o serviço completo no Guia Gazeta do Povo).

"Os concertos de música contemporânea que organizamos desde então ganharam outra perspectiva. Fiquei com a impressão de que a música contemporânea passou a ser vista com um pouco mais de seriedade em Curitiba. A Bienal conquistou um espaço que cabe a nós fazer crescer", diz Crowl. "Não dava para não ter uma segunda", complementa Steuernagel, novamente à frente da segunda edição da Bienal, que acontece entre os dias 18 e 25.

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O festival promove concertos na Capela Santa Maria, Sesc Paço da Liberdade, Teatro Guaíra e Teatro da Reitoria com os grupos estrangeiros Platypus Ensemble (Áustria), ensemble cross.art e Myotis Kollektiv (ambos da Alemanha), além da Orquestra Sinfônica do Paraná (OSP), Camerata Antiqua de Curitiba e Orquestra Filarmônica da UFPR.

Multiplicidade

Com recursos mais limitados, a segunda bienal saiu menor que a edição anterior, mas segue a linha curatorial da primeira – voltada para a multiplicidade da música contemporânea. "O problema das bienais é que elas tendem a ficar com ‘uma cara’ muito cedo. Como nos colocamos como uma encruzilhada, queremos ser representativos de uma heterogeneidade", diz Steuernagel, ressaltando que a música nova é marcada por uma pulverização de estilos já desde os anos 1970. "A tentativa de fugir de uma linha estética ou regional propicia um retrato mais fiel da realidade", explica Steuernagel. Luiz Malucelli destaca o conceito de mobilidade na programação artística. "O ouvinte precisa se mover de um contexto para o outro muito rápido. De uma peça para a outra, muda totalmente o jeito de ouvir", diz.

Entre os exemplos de atrações que fogem ao que se costuma entender por música clássica está o concerto da Filarmônica da UFPR sob regência do maestro Jaime Wolfson, do Platypus, que incluirá performance da orquestra na rua e interferência do público via celular (dia 24 – confira a programação ao lado). Das experiências curiosas para o público, os organizadores destacam o concerto do Myotis Kollektiv, que vai trabalhar com música 3D, por meio de um sistema de som com oito caixas de som ao redor da plateia. "É sempre um elemento musical que chama muito a atenção", explica Fernando Riederer, que participou da entrevista para a Gazeta do Povo via Skype – uma das principais ferramentas que viabilizam o espírito transnacional da música contemporânea que marca a própria organização da bienal, já que parte dos membros do entreCompositores vive fora do Brasil.

O coletivo quer colocar Curitiba no mapa da música contemporânea mundial – demanda que não é só dos compositores e músicos, mas também de um público crescente que não vem necessariamente das salas de concerto tradicionais. "No mundo todo tem demanda. Mas aqui há uma demanda reprimida", defende Dottori.

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Evento terá seminário paralelo

Além dos espetáculos abertos ao público, a Bienal terá um seminário paralelo, realizado em parceria com a UFPR e a Escola de Música e Belas Artes do Paraná (Unespar-Embap) – o "braço acadêmico" do evento, que contará com oficinas, palestras e mesas-redondas que discutirão, entre outros temas, a trajetória de compositores brasileiros que fazem carreira no exterior.

O resultado de uma das oficinas será aberto ao público, no dia 23 (confira na programação). Cinco jovens compositores da Colômbia, Brasil, Estados Unidos e Irlanda – escolhidos entre 40 candidatos – apresentarão o resultado de uma semana de trabalhos com o ensemble cross.art, de Sttutgart (Alemanha), sob orientação de Marcos Balter. "Ter um braço acadêmico é um marco distintivo da Bienal", diz Márcio Steuernagel. "Resolvemos explorar as trocas. Trazemos um brasileiro [Balter] que mora fora [o compositor é professor no Columbia College de Chicago, nos EUA] para trabalhar com um grupo alemão. Esses encontros são um marco importante da Bienal", diz.