Aclamado pela imprensa, sucesso de bilheteria ao redor do mundo e indicado a oito Oscars, o filme "O Segredo de Brokeback Mountain" desperta curiosidade em quem se dirige aos cinemas. As críticas positivas, a possibilidade de conferir uma história nunca antes explorada por Hollywood atrai atenções. Porém, após as sessões do longa em Curitiba, nota-se um misto de espanto e preconceito com algumas passagens do "western gay", como o filme vem sendo rotulado pela imprensa.
A reportagem da Gazeta do Povo esteve presente em algumas sessões na última terça-feira (14). O que se pode perceber durante as projeções uma miscelânea de opiniões, calcadas entre o choque e o interesse. Algumas risadinhas, "ohhhs", e "uiiis" esporádicos também puderam ser observados. O enredo de "Brokeback" se apropria de elementos do melodrama e do bangue-bangue para contar uma história de amor entre dois homens.
Em outras sessões, pessoas saíram durante a projeção, em meio a cenas-chave do filme. Chocadas, talvez. Países como os Emirados Árabes proibiram a exibição da fita. Até uma das co-autoras do roteiro, Diana Ossana, relatou que seus amigos e parentes tiveram dificuldade em aceitar a trama homossexual. "Tive que dizer a eles: 'é apenas um filme. O que vocês acham que vai acontecer se vocês o virem?' Não tem sido fácil", contou a escritora à imprensa estrangeira.
A já notória polêmica é proporcional ao sucesso nas bilheterias: com custo de US$14 milhões o filme já rendeu U$S56 milhões nas bilheterias dos Estados Unidos. No Brasil, mais de 200 mil pessoas já viram o filme. Nem mesmo as oito indicações ao maior prêmio do cinema mundial (direção, filme, roteiro, ator, ator coadjuvante, atriz coadjuvante, trilha sonora, e direção de fotografia) amenizam algumas críticas e opiniões de quem já viu a história dos dois caubóis.
Para o empresário Augusto Janiscki Junior, 38 anos, o longa apresenta cenas muitos fortes, mesmo em uma época em que a homossexualidade já é mais bem aceita pela sociedade. E a sua companhaiera, a advogada Eliane Cristina Boneti, 29, concorda. Assim como muita gente, o casal foi para no cinema levado pelas indicações ao Oscar e reitera as qualidades da produção. Para Augusto, o filme muito interessante porque busca uma época não tão tolerante à homossexualidade, inclusive pelo trabalho deles, o de caubóis.
O engenheiro aposentado Marcelo Carvalho, de 74 anos, diz que um filme como esse não seria possível na época de sua juventude. Não porque não houvesse homossexualismo naquele cinema, mas porque o assunto sempre esteve renegado a subtextos, como em Festim Diabólico de Alfred Hitchcock ou westerns de Howard Hawks ("Red River" em particular). Carvalho elogia a qualidade da produção, com destaque para a condução da trama e sua maneira de lidar com "um tabu na sociedade".
Já para o estudante de física Erick Rauber, 23 anos, o filme é bom por apresentar elementos novos, mas é difícil afirmar com certeza se gostou do longa. Ele sempre acompanha as premiações de cinema e, durante a transmissão do Globo de Ouro, "Brokeback" chamou a atenção do estudante quando venceu as categorias de melhor direção (Ang Lee) e filme. As cenas fortes, mais uma vez, seriam o divisor de águas entre as opiniões dos espectadores.
Interatividade:
E você assistiu ao filme O Segredo de Brokeback Mountain? Qual foi a sua reação?