Cynthia e John Lennon tiveram uma vida de “montanha russa”

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Cynthia Powell e John Lennon se conheceram em uma aula de caligrafia, ainda no fim dos anos 1950, na faculdade. Os dois começaram a namorar, casaram-se e ficaram juntos até 1968, quando o músico a deixou para se casar com Yoko Ono. O cantor Julian Lennon, do sucesso “Too Late for Goodbyes”, de 1985, é fruto do relacionamento dos dois.

Cynthia publicou duas biografias contando sua vida ao lado de John, desde antes da fama até o seu auge como um dos líderes dos Beatles. No livro John, lançado no Brasil em 2009, ela forneceu impressões do jovem Lennon marcado pela morte precoce da mãe (quando ele tinha 14 anos) e pela criação por uma tia durona, Mimi. Cynthia já tinha publicado um livro, A Twist of Lennon, em 1978, mas o classificava como “superficial”.

A vida ao lado de John Lennon foi uma montanha russa do começo ao fim, por motivos diversos: após superar a pequena diferença social – nem a mãe de Cynthia nem a tia de John aprovavam o namoro –, veio a falta de dinheiro. Como ninguém tinha casa, o sexo era feito nas dunas da praia de New Brighton ou em um apartamento emprestado por um amigo.

Quando a antiga banda de Lennon, os Quarrymen, começou a se transformar nos Beatles, Cynthia conheceu personagens como Paul McCartney e George Harrison. A ascensão do grupo, segundo ela, foi alegre, apesar da vida dura dos músicos. Cynthia contava que, antes de começar a trabalhar com o empresário Brian Epstein, os Beatles faziam brincadeiras no palco, dançavam, comiam e bebiam durante os shows, e frequentemente tocavam versões de 20 ou 30 minutos de suas músicas.

Cynthia culpava as drogas pelo fim do casamento com John. Segundo ela, ele tomava LSD diariamente e levava dezenas de pessoas estranhas para drogar-se com ele em casa. Assim como muitos fãs dos Beatles, ela não aliviava a barra de Yoko. A culpa por ter se tornado um péssimo pai e ex-marido era creditada à artista japonesa. John teria passado a não fazer a menor questão de ver o filho (ele chegou a ficar três anos sem um telefonema), além de deixar uma pensão ínfima.

Cynthia morreu na última quarta-feira, aos 75 anos, de câncer, em casa, em Maiorca, na Espanha.