Crítico de teatro, dramaturgo e ator envolvido com as produções do grupo Os Satyros. Alberto Guzik, morto na manhã de sábado (26) em decorrência de complicações causadas por câncer, foi uma figura emblemática da cena teatral paulistana. E escreveu seu nome na história do Festival de Curitiba, do qual foi curador por uma década, desde a primeira edição, em 1992.
"Ele foi nosso companheiro durante muito tempo na curadoria do festival. Deixou de ser quando começou a trabalhar como ator e diretor", lembra a colega Lúcia Camargo, curadora do FC e diretora do Centro de Referência Audiovisual da Prefeiturta de Belo Horizonte.
"Era uma pessoa agradabilíssima no convívio, consciensioso, muito inteligente e bem informado. E corajoso: ele já estava estabelecido como crítico de jornal quando largou tudo para escrever romances, adaptações e atuar. Nos últimos anos a vida dele foi a cena", diz Lúcia.
Biografia
Guzik morreu aos 66 anos. Seu corpo foi cremado na tarde de sábado, sem velório. Ele estava internado no hospital Santa Helena, no bairro da Liberdade, desde fevereiro, parar tratar um câncer de estômago, que atingiu outros órgãos.
No ano passado, Guzik havia assumido a cadeira de diretor pedagógico da São Paulo Escola de Teatro. Sua aproximação com os palcos começou pela Escola de Arte Dramática (EAD) da USP, onde se formou. A carreira como crítico de teatro se consolidou no Jornal da Tarde, ao lado de Sábato Magaldi, a partir de 1984.
Antes, ele havia integrado a redação da revista IstoÉ, além de lecionar disciplinas teóricas na EAD. Em diversos períodos, foi também colaborador do jornal O Estado de S. Paulo. Em 2001, o crítico deixou o Jornal da Tarde. Passou a se dedicar mais ao ensino, como professor da Escola de Atores Wolf Maya e depois da SP Escola de Teatro.
Retorno aos palcos
O retorno aos palcos aconteceu com a peça Horário de Visita, do dramaturgo Sérgio Roveri, em 2003, após quase 40 anos sem atuar. "Sua vocação para andar na contramão era tão grande que, ao contrário de quase todos nós, quanto mais o tempo passava, mais ele se tornava curioso, inquieto e produtivo", diz Roveri.
Com o grupo Os Satyros, Guzik apresentou-se na Mostra Contemporânea do Festival de Curitba em mais de uma ocasião. A primeira, em cena de O Enigma de Kaspar Hauser, na Ópera de Arame, em 2004. Mais tarde, com O Vestido de Noiva, de 2008, no Guairinha.
Participou ainda de Transex e da premiada A Vida na Praça Roosevelt. Mais recentemente, atuou com o grupo de Ivam Cabral no espetáculo Liz. Um de seus últimos trabalho como ator foi em Monólogo da Velha Apresentadora, um texto de Marcelo Mirisola.
Guzik teve ainda vários livros publicados, entre eles Um Risco de Vida, com referências autobiográficas, e O Que É Ser Rio, e Correr, livro de contos lançado pela editora Iluminuras. Pela Coleção Aplauso, publicou Cia. de Teatro Os Satyros Um Palco Visceral; Naum Alves de Souza: Imagem, Cena, Palavra e O Teatro de Alberto Guzik que reuniu suas peças "Um Deus cruel", "Cansei de Tomar Fanta", "Errado" e "Na noite da Praça".
Em depoimento à enciclopédia Itaú Cultural, ele declarou nunca ter vinculado sua observação do fenômeno teatral a uma visão partidária. "Nunca acreditei que o teatro correto tenha de expressar tal ou qual ponto de vista. No mesmo texto, completa: "É bom que se tenha de tudo, desde a farsa rasgada até o mais rigoroso teatro de pesquisa, do musical importado ao nacional, da dramaturgia brasileira à mundial, dos atores e diretores veteranos aos jovens estreantes.
Hugo Possolo, diretor dos Parlapatões e do Circo Roda, destaca a contribuição significativa de Guzik para o pensamento crítico do teatro: "Ele traçava facilmente para o leitor um panorama do que era o espetáculo, independentemente da opinião dele.
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