De uma vez por todas: o certo é ROBBIE Williams, e não Robin, como o astro de Hollywood. "Não sei por que os fãs da América do Sul insistem em me confundir com Robin Williams. Eu não sou ele. Eu sou cantor e comecei na boyband Take That, enquanto ele é ator e velho, além de ter feito Uma Babá Quase Perfeita", brincou o cantor britânico de 32 anos, logo no início de seu show no Rio de Janeiro, em outubro do ano passado. Confusão, aliás, é uma constante na carreira de Robbie desde sua estréia como solista, em 1995. E que persiste ainda hoje, a julgar pela recepção inesperada de seu oitavo álbum de estúdio, Rudebox, agora nas lojas brasileiras.

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Rumores dão conta de que o disco está pronto há pelo menos dois anos, mas foi posto na geladeira pelos executivos da gravadora EMI. Para os engravatados de plantão, Rudebox seria um tiro no pé, por se tratar de um trabalho pouco comercial. É verdade que as baladas, marca registrada do popstar, simplesmente foram deixadas de lado. Mas o grosso do material é tão acessível quanto qualquer coisa que tenha estourado no mundo nos últimos meses.

A prova está nos números. Rudebox vendeu mais de dois milhões de cópias só na semana de lançamento, em outubro passado, consagrando-se como o CD europeu que mais rápido atingiu a certificação Platina em 2006. Os dois primeiros singles (a faixa-título e "Lovelight") estouraram nas rádios do Velho Mundo e o terceiro – "She’s Madonna", previsto para março – deve seguir o mesmo caminho.

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A música, gravada com os Pet Shop Boys, conta a história de uma mulher rejeitada pelo namorado, um sujeito apaixonado por Madonna. Há quem diga que o cantor escreveu a canção inspirado em sua ex-noiva, Tania Strecher. Após o rompimento com Robbie, ela iniciou um romance com o cineasta Guy Ritchie, que a largou para se casar com a diva maior do pop. Verdade ou não, a polêmica que já envolve o single não está letra, e sim no clipe, onde o astro aparece vestido de drag queen.

Nada demais, se não fosse o fato de que a imprensa fofoqueira britânica é obcecada por sua sexualidade, digamos, confusa. Desde que ele trocou o Take That (uma espécie de New Kids on the Block ou Backstreet Boys inglês) pela carreira-solo, os tablóides vira e mexe dão um jeito de ressuscitar a pergunta: "Robbie Williams é gay?". Lá se vão 11 anos de dúvida.

O cantor, que não é bobo, usa a boataria a seu favor, zombando da situação a torto e a direito – ainda que, em determinados momentos, não esconda uma ponta de irritação. Talvez por isso sua carreira não tenha decolado nos EUA, um mercado pouco afeito a artistas ambíguos e sarcásticos. E Robbie é a ironia em pessoa, um comentário do pop personificado na figura de um entertainer debochado.

Esse gosto pela metalinguagem se acentua ainda mais em Rudebox, que presta homenagem a gigantes como Prince, Madonna e Pet Shop Boys (sem contar Elton John e George Michael, suas maiores influências desde sempre). Mas se a essência está nos anos 80, a produção olha para frente, alinhada com a eletrônica e o hip-hop dos dias de hoje. Na verdade, o álbum inteiro é uma coleção de citações do cinema, da música e da cultura popular em geral. Os fãs das antigas, no entanto, não precisam se preocupar além da conta. Apesar do tom festivo, as letras de Robbie continuam tratando de amores proibidos, impossíveis, não-realizados.

Agora, resta saber se o sucesso de Rudebox trará algum sossego para o cantor, que chegou a cogitar seu afastamento do cenário no início de 2006. Após procurar auxílio psicológico, ele revelou algumas de suas angústias à imprensa. "O que quero? Para onde quero ir? Poderei viver se as rádios não tocarem minhas músicas? Ou estarei viciado na fama?", questionou. Se Michael Jackson tivesse se perguntado o mesmo há 20 anos, não estaria no fundo do poço. GGGG

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