No centro da cidade de Fortaleza, Ceará, há uma casa murada que toma todo um quarteirão. Dentro dela, nas paredes, há uma das maiores e mais completas coleções de arte da América Latina. As cerca de 800 obras de arte foram compradas nos últimos quarenta anos pelo empresário Airton Queiróz que atua em diversos setores como energia, alimentação, eletrodomésticos e também é criador da Universidade de Fortaleza (Uniflor).
Desde a semana passada e até o mês de dezembro, as obras estão pela primeira vez expostas ao público em um no campus da Universidade de Fortaleza – Unifor.
A exposição Coleção Airton Queiroz é um panorama da arte brasileira do Brasil holandês aos dias atuais. A coleção reúne cinco séculos de história reúne 251 obras dos principais nomes das artes plásticas brasileiras como Aleijadinho, Anita Malfatti, Di Cavalcanti, Portinari, Lygia Pape e contemporâneos como Leonílson e Beatriz Milhazes.
Entre os artistas internacionais há nomes do porte de Monet, Renoir, Frans Post, Rubens, Miró, Chagall, Bottero e Dalí.
A mostra tem curadoria tripla de Max Perlingeiro, Jose Roberto Teixeira Leite e Fábio Magalhães. O trio optou por dividir a coleção entre períodos históricos e movimentos artísticos em cinco eixos: Do Brasil Holandês à República, Modernismo, Abstração, Contemporâneos e Presença Estrangeira.
A curadoria usa a tecnologia para completar a experiência da visita. Antes de cada módulo, há um vídeo da historiadora Lilia Schwartz contextualizando o período e as circunstâncias em que as obras foram produzidas. Um aplicativo permite que o visitante saiba curiosidades sobre algum artista ou obra.
Coleção
De acordo com o curador Teixeira Leite – que integra conselho do Museu Oscar Niemeyer (MON) - o principal curador é o dono da exposição que tem um “olhar treinado para a qualidade das obras”. “Tenho cinquenta anos de arquibancada e posso dizer que não há um acervo como esse no Brasil”.
Herdeiro de um grupo empresarial que inclui a marca de eletrodomésticos Esmaltech, a marca de água mineral Minalba e distribuição de gás em todo o paí começou a montar sua coleção em 1967 comprando obras do pintor cearense Antônio Bandeira que morreu na França naquele mesmo ano. E passou as quatro décadas seguintes arrematando obras importantes de artistas de primeira linha.
“A diferença é que ele não comprou um Renoir, e sim um bom Renoir. No conjunto de obras de uma artista como Di Cavalcanti, que tem altos e baixos ele conseguiu só os altos. Só dinheiro não faz uma coleção assim. É preciso ter olho”, disse.
“Assim como o maestro é um musico cujo instrumento é a orquestra, o colecionador é um artista cuja obra de arte é sua coleção. Esta é um enorme caleidoscópio de arte dos últimos cinco séculos”.
O repórter viajou a convite da Fundação Édson Queiróz.
Serviço:
Exposição Coleção Airton Queiroz
Em cartaz no Espaço Cultural Airton Queiroz, na Universidade de Fortaleza.
Abertura: 15 de junho, às 20h.
Visitação gratuita a partir de 16 de junho.
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