Da tamancalha ao sampler

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O frio que chegou a Curitiba na última semana, e não deve dar trégua nos próximos dias, fez com que o Grupo Fato mudasse um detalhe no seu novo show, batizado de Fato – Da Tamancalha ao Sampler (confira o serviço completo do show), com cinco apresentações a partir de hoje no Sesc da Esquina. Os shows, que resultarão da gravação do primeiro DVD, não poderão mais ser feitos com os integrantes descalços – já que o frio não só pode enregelar os pés, como também afetar as vozes do grupo. Logo, uma das integrantes, Priscila Graciano, foi a encarregada de encontrar sapatilhas para a turma depois de passar o som e fazer os últimos acertos.

Para quem já viu o Grupo Fato em ação, sabe que é difícil encontrar uma definição para o estilo do conjunto, que tem 17 anos de existência. O rótulo mais próximo é simplesmente música brasileira, mas o anseio é o de fugir das fórmulas. Não há, diferentemente de outras bandas, um estilo norteador e eventual mistura de outros elementos. "É a busca por um deslocamento, e não uma simples mistura de tudo", diz Ulisses Galetto, um dos fundadores da banda.

Outro fator curioso é a unidade como grupo, já que não existe um líder ou um músico que se destaque mais do que os outros. "Não há a busca de um protagonista. Todos os elementos de cena que usaremos, como a luz, por exemplo (de Nadja Naira), entram em razão de algo", diz a diretora do espetáculo, Jacqueline Daher, que trabalha com o Fato desde a sua fundação. E, de que forma a banda consegue essa unidade? "Eles fazem um treinamento pesado com a gente antes de entrar, tipo o Bope, e nos deixam bem doutrinados", brinca um dos integrantes, Sergio Monteiro Freire.

"Cada um que entra na banda traz a sua referência e existe uma boa comunicação entre todo mundo. É uma dinâmica que deu certo", diz Priscila, que se juntou ao Fato cinco anos depois de sua fundação.

No show, essa unidade deve ser reforçada pela ambientação, que trará várias cores e texturas, concepção da diretora, que também assina o cenário. Já o título, Da Tamancalha ao Sampler, faz uma alusão à ampla gamas de ritmos explorados e também à criação de um instrumento pelo músico Zé Loureiro Neto, que imita o som do sapateado do Fandango. "Como não poderíamos ‘tamanquear’ no palco, resolvemos usar o instrumento para dar esta sonoridade".

Entre as novidades, o show trará novos compositores interpretados pelo Fato, dentre eles, Daniel Fagundes e Amarildo Anzolin, que assinam "A Casa do Ar"; Maurício Pereira, autor de "Balangandans"; e Sérgio Natureza, de "Caricas III", esta escrita em parceria com Antonio Saraiva.

Para o novo show e a gravação do DVD, segundo Ulisses Galetto, o Grupo Fato vem ensaiando há cerca de um ano. "É uma produção grande, algo que fazemos entre longos períodos de tempo. Já tínhamos a pretensão de ter um DVD e as condições para isso foram favoráveis." Porém, ainda não há previsão de lançamento. Além dos ensaios, toda a banda fez um trabalho de preparação vocal, com Ana Cascardo, e de interpretação corporal, com Eliane Campelli.

Cotidiano

Os ensaios frequentes são rotina para o Grupo Fato, não somente quando estão em apresentação, mas também no dia a dia. "Nos encontramos nas manhãs quentes e geladas para fazer o que mais gostamos, que é música. Muita gente jogou lenha na fogueira para nos ajudar e temos gente de Nova York, da França, que divulgam nosso trabalho. É algo difícil de se conquistar", ressalta Galetto.

Serviço

Fato – Da Tamancalha ao Sampler (confira o serviço completo do show). De 18 a 22 de maio, no Sesc da Esquina (Rua Visconde do Rio Branco, 969), (41) 3304-2222. Quarta a sábado, às 21 horas. Domingo, às 19 horas. R$ 10 e R$ 5.