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"Lugares de Mim", em apresentação de 2008. | Elenize Dezgeniski/Divulgação
"Lugares de Mim", em apresentação de 2008.| Foto: Elenize Dezgeniski/Divulgação

Interatividade

Que tipo de apresentações de dança falta em Curitiba? Do que o setor precisa para se desenvolver?Escreva paraleitor@gazetadopovo.com.br

As cartas selecionadas serão publicadas na Coluna do Leitor.

Pode parecer um paradoxo. A nova gestão da Fundação Cultural de Curitiba (FCC) deseja implementar uma política de incentivo que enfoque a comunidade, não os artistas – mas está tendo de se debruçar, mais do que nunca, sobre as reivindicações dos criadores. No momento, isso ocorre no setor da dança, em meio ao qual a prefeitura identificou uma grande "tensão", nas palavras do presidente da FCC Marcos Cordiolli.

Até agora, foram realizados seis encontros com representantes da classe. Logo no primeiro, foram cancelados os editais de fomento à dança (para pesquisa, produção e circulação de espetáculos).

Na sequência, uma consulta pública resultou no recebimento de sugestões e partiu-se para análises minuciosas dos editais, parágrafo por parágrafo, até que se atinja uma harmonia – que parece longe de ocorrer.

"O consenso está difícil na dança. A Casa Hoffmann [Centro de Estudos do Movimento], que já foi referência internacional, perdeu qualidade nos últimos anos; houve um afunilamento em torno das mesmas modalidades e está se perdendo público", enumera Cordiolli, que conversou com a Gazeta do Povo sobre o assunto. "Nossa aposta foi correr o risco de fazer ajustes necessários e apostar na diversidade, que vai fortalecer a dança."

O risco, no caso, seria a perda dos R$ 640 mil destinados anualmente aos três editais de incentivo ao setor. De acordo com Cordiolli, o dinheiro não vai ser perdido e os editais deste ano sairão – mas sem prazo definido.

Diversidade

Numa consulta às regionais da prefeitura, que recebem apresentações de dança como contrapartida dos grupos contemplados com incentivo, teria sido expresso o desejo por maior variedade de estilos. Na reunião da última terça-feira, acompanhada pela reportagem, os representantes da Fundação chegaram a sugerir que fossem listados os gêneros de dança que poderiam participar dos editais (dança de salão, dança do ventre, dança de rua e balé clássico, para citar alguns). Os artistas foram contra: "Delimitar exclui, não inclui", indignou-­se Priscila de Morais, pesquisadora em dança contemporânea que acompanhava a reunião.

Entre os artistas, os sentimentos são diversos. "O momento é bem propício para dialogar, e esse é só o começo. Queremos reconstruir o sistema municipal de cultura", comemora a pesquisadora Marila Velloso.

"Levando em consideração o tempo legal que um edital deve percorrer até a sua efetiva conclusão, leva-se no mínimo três meses. É nisso que a comunidade de dança está se debruçando, para ajudar a FCC a concluir um novo modelo de edital", apressa o bailarino do Guaíra Wanderley Lopes.

Somente após a publicação dos editais, com a poeira abaixada, é que um coordenador de dança será designado pela Fundação – e uma política de reformulações e planejamento de longo prazo será buscada.

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