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Nas gravuras do “Inferno”, é possível observar claramente o estilo surrealista de Salvador Dalí | Divulgação
Nas gravuras do “Inferno”, é possível observar claramente o estilo surrealista de Salvador Dalí| Foto: Divulgação

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A Divina Comédia de Dalí

Caixa Cultural (R. Cons. Laurindo, 280 – Centro), (41) 2118-5114. Inauguração hoje, às 19 horas, com visita guiada com a curadora Ania Rodrigues Alonso. Visitação de terça a sáb., das 9 às 20 horas, e dom., das 10 às 19 horas. Entrada franca. Até 19 de maio.

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O poema A Divina Comédia, de Dante Alighieri (1265-1321), intriga leitores e estudiosos há séculos. Outras áreas artísticas usaram a obra do italiano como fonte de inspiração: um exemplo é o pintor catalão Salvador Dalí (1904-1989), expoente do movimento surrealista. Nos anos 1960, já na maturidade artística, Dalí desenvolveu uma série de xilogravuras e gravuras inspiradas nas divisões do texto épico de Dante ( "Inferno", "Purgatório" e "Paraíso"). A partir de hoje, a Caixa Cultural expõe esse trabalho na exposição A Divina Comédia de Dalí, que será inaugurada com uma visita guiada da curadora Ania Rodriguez Alonso (veja o serviço completo da exposição no Guia Gazeta do Povo).

No total, a mostra reúne 100 obras originais que seguem, cronologicamente, os cantos da obra de Dante Alighieri. Todas elas pertencem a um colecionador particular da Espanha (dono das obras há cerca de 40 anos), que cedeu os trabalhos para a exposição, já exibida no espaço da Caixa Cultural no Rio de Janeiro, e segue, depois de Curitiba, para outras capitais como São Paulo, Salvador e Recife.

As gravuras foram produzidas por Dalí ao longo de três anos, na década de 1960, quando o governo italiano o contratou para que ele ilustrasse A Divina Comédia em comemoração aos 700 anos de nascimento de Alighieri. No entanto, o contrato não foi cumprido pelo governo, já que vários pintores italianos reclamaram de a responsabilidade ter sido delegada para um artista estrangeiro. "Como Dalí já estava muito interessado e mergulhado na obra, ele decidiu continuar as gravuras", conta a curadora.

Segundo Ania, na exposição é possível conhecer tanto a obra literária de Alighieri quanto o estilo de Dalí. Nas ilustrações da primeira parte da obra, "Inferno", é possível, de acordo com a curadora, observar a veia surrealista, o mundo de sonhos e pesadelos do artista. "Vemos uma pessoa mais temerosa, tomada por suas paixões." No "Purgatório", essa vertente se conjuga com um Dalí mais calmo e lírico. Na última parte do poema, no "Paraíso", é a religiosidade que se expressa de forma clara, e os desenhos ganham um tom mais sutil e conciliador. "São obras de um Dalí mais maduro", salienta Ania.

Para mostrar a influência do texto de Alighieri nas diversas vertentes da arte, a curadora escolheu Sinfonia Dante, do compositor e pianista húngaro Franz Liszt (1811-1886) para ambientar as salas expositivas da Caixa Cultural. "Achamos pertinente dar esse clima e mostrar a inspiração que o poema gerou em diferentes áreas. Foi um trabalho literário que moldou a perspectiva ocidental sobre a vida e a morte, imaterializou essa ideologia religiosa", acredita.

Classificação

A Divina Comédia de Dalí não é recomendada para menores de 12 anos, porém, Ania frisa que é perfeitamente possível que a mostra seja visitada por crianças ou grupos de escola, desde que acompanhadas e orientadas por um adulto. "Assim elas entenderão o porquê das formas humanas e da nudez. Mas é um trabalho completamente aberto, que pode ser compreendido por todos."

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