
Quando lançou o multiplatinado álbum One Love, em 2009, o DJ francês David Guetta que já era respeitadíssimo ultrapassou os limites da música eletrônica e ascendeu definitivamente ao Olimpo do pop, destronando gigantes como Fatboy Slim. A fórmula do sucesso era relativamente simples: um house urbano irresistível, produzido por Guetta em parceria com ídolos do hip-hop e do pop contemporâneo, como Will.i.am (cérebro do Black Eyed Peas), Akon e Ne-Yo, entre outros. Além disso, resgatou a ex-colega de Beyoncé no Destinys Child, Kelly Rowland, e criou a arrebatadora "When Love Takes Over" que desde então toca sem parar em todo club que se preze no planeta. Como se não bastasse, o disco contém ainda o remix de "I Gotta Feeling" incrível parceria com o Black Eyed Peas, que merece o rótulo de "a música pop perfeita" (por mais que tenha se desgastado pelo excesso de execuções).
Guetta, que não é bobo nem nada, repetiu a receita no seu álbum mais recente, modestamente batizado de Nothing But The Beat [Nada Além da Batida, em tradução livre], lançado mundialmente na última segunda-feira: músicas animadas e participações estelares Snoop Dogg, Usher, Timbaland, Chris Brown, Lil Wayne, além da consolidação da parceria com Akon e Will.i.am. Para os vocais femininos, o DJ foi ousado: chamou desde a diva Jennifer Hudson (ex-participante do American Idol e vencedora do Oscar de atriz coadjuvante por Dreamgirls Em Busca de Um Sonho) até a exótica rapper Nicki Minaj, passando pela estrela britânica Jessie J, a queridinha norte-americana Dev (do hit "Like a G6") e a australiana Sai.
Mas não parou por aí. Talvez como resposta aos que o acusam de ter se rendido ao mainstream, virado um "DJ de celebridades", David Guetta compôs um álbum extra com dez músicas instrumentais, no qual prova não ter abandonado suas raízes do underground.
Numa primeira audição, Nothing But The Beat quase nos convence de que de fato não há nada além da batida. As músicas são boas, dançantes e bem produzidas, mas não há nenhum petardo instantâneo como "I Gotta Feeling" ou "When Love Takes Over". No primeiro disco (o álbum vocal), se destacam a sensual "Sweat" (com Snoop Dogg), a sofisticada "I Just Wanna F..." (com o holandês Afrojack, mais Timbaland e Dev), a estimulante "Night of Your Life" (com Jennifer Hudson) e a surpreendente "Titanium" (com Sai). Já o segundo álbum (o instrumental) promete ser mais bem aceito pelos puristas da música eletrônica, com destaque para as faixas "Lunar" (outra com Afrojack) e "Sunshine". Para resumir, o novo álbum de David Guetta é mezzo pop, mezzo underground, mas em ambos os casos é bem mais inofensivo do que One Love. GG1/2
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Serviço:
Nothing But The Beat, de David Guetta. EMI Music. Preço médio: R$ 59.
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