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Organizador do livro Música Feita no Paraná, o cantor e compositor Hilton Barcelos acerta na mosca quando escreve que "por não possuir uma música regional, o Paraná é um estado com muitas vertentes, com influências nacionais e universais". Essa dispersão se reflete nas 250 páginas do trabalho, uma obra de referência composta por fotos, letras, biografias e partituras de canções genuinamente locais – mas de grande diversidade.

São mais de 60 nomes citados, de Arrigo Barnabé a Waltel Branco, passando por Lápis, João Lopes, Paulo Leminski, Nhô Belarmino e o grupo Blindagem. "É por causa dessa variedade que eu não quis chamar o livro simplesmente de ‘Música Paranaense’", diz Barcelos, gaúcho radicado em Curitiba desde 1972.

Para o músico, envolvido há oito anos na empreitada, o projeto é um "reforço" na auto-estima dos artistas do estado. "Alguns deles não tinham sido resgatados nem pela própria família", afirma Barcelos, que encerrou sua pesquisa na produção do fim dos anos 80. "Depois disso, veio a Lei de Incentivo à Cultura e todo mundo virou artista. Cada um pegou um tanto de dinheiro e criou seu gueto. Não havia mais aquela coletividade de antigamente", lamenta.

Ele mesmo captou R$ 40 mil, por meio da lei, para produzir o livro. Mas a proposta inicial, limitada em apenas 12 compositores, acabou ganhando outros 50 nomes. "Os critérios de seleção foram o meu olhar, a minha vivência. Seria pretensão querer cobrir tudo", explica. Mesmo assim, Barcelos já foi cobrado por algumas ausências, como a do renomado percussionista Airto Moreira, catarinense que também passou por Curitiba. "O pior é que o Airto é meu amigo e parceiro musical. Mas ele já tem muito destaque. Seria injusto colocá-lo no lugar de gente que gramou a vida inteira por aqui e não teve o mesmo reconhecimento", justifica.

Em breve, Barcelos lança outro livro: Além das Pérolas, uma coleção de cartazes de show, matérias de jornal, partituras e letras que contam sua trajetória – e, por tabela, a dos artistas com quem conviveu. Enquanto isso, distribui Música Feita no Paraná em bibliotecas e o vende, diretamente para o público, no site www.primaveraproducoes.blogspot.com (ao preço de R$ 60).

A nota triste é a perda de Jonas de Castro Deus, que, entre outros projetos, fez parte de grupos como Os Apaches e Megatons e integrou o Movimento de Atuação Paiol (MAPA). Big Jonas, como era conhecido, morreu no último dia 28, horas antes da festa de lançamento de Música Feita no Paraná. Tinha 54 anos e, nos últimos tempos, trabalhava com festas de casamento, bailes e recepções.

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