O universo feminino visto com profundidade e sob três perspectivas diferentes é o mote do livro A Mulher Desiludida (foto), escrito pela francesa Simone de Beauvoir, em 1967. O espetáculo homônimo, estreado na última quinta-feira, no Teatro Paiol trouxe, na íntegra, o texto de Beauvoir, mais especificamente a narrativa "Monólogo", que integra a obra e trata de uma mulher de meia-idade, condenada à solidão.
Com uma cenografia bastante simples apenas uma poltrona, um abajur, alguns livros espalhados pelo chão e um telefone a montagem alcançou o ambiente intimista exigido pelo texto, interpretado com maestria pela atriz carioca Guida Vianna. Em meio ao desespero de uma mulher acusada pela família de ser a causa do suicídio da filha adolescente, a personagem Murielle faz um retrospectiva de sua vida e revela-se por inteira, com todos os seus defeitos fracasso, loucura, insegurança, dependência emocional, prepotência e uma falsa dignidade.
O drama de Murielle, por vezes tão trágico, arranca gargalhadas da platéia, graças ao timing perfeito da atriz, que permanece impassível.
Vale a pena conferir a última sessão do espetáculo no Festival de Teatro de Curitiba, em cartaz hoje, às 20h30.