Consagrados e bem-sucedidos, Robert De Niro e Al Pacino possuem a maior qualidade de todo astro realmente importante: o de garantir bilheteria de um filme apenas por protagonizá-lo. Em "As Duas Faces da Lei" que estréia dessa semana em cerca de 130 salas de todo o país, o fato é tão evidente que o roteirista Russell Gewirtz ("O Plano Perfeito", de Spike Lee) constrói uma história cujo único objetivo parece ser o de enaltecer a presença dos atores.
Dirigido pelo irregular cineasta Jon Avnet ("Tomates Verdes Fritos"), a produção é centrada nos conflitos dos detetives, parceiros no Departamento de Homicídios, Turk (De Niro) e Rooster (Pacino). Já nas primeiras cenas, uma gravação mostra a confissão de Turk: ele se assume justiceiro, assassino de um punhado de criminosos que, por brechas na lei, estavam impunes.
A trama apresenta, então, os dias que antecederam a gravação do vídeo. Turk é ou não o assassino em série que deixa um poema ao lado dos corpos? Aparentemente, sim. Sua voz em off dá a entender motivações bastante doentias.
Rooster, enquanto isso, tenta evitar que seus colegas policiais Perez (John Leguizamo, de "Moulin Rouge") e Riley (Donnie Wahlberg, de "O Sexto Sentido"), acusem formalmente seu parceiro como o tal serial killer. Como todos os mortos têm relação com Turk, não demora muito para chegarem à conclusão.
Alheia a tudo o que ocorre, a detetive forense Corelli (Carla Gugino, de "Sin City") mantém um relacionamento secreto com o suspeito. Embora desconfie do comportamento cada vez mais arredio de Turk, ela apenas colhe provas sem concatenar as coincidências.
Como serve apenas de pretexto para evidenciar a participação de seu elenco, o roteiro de Russell Gewirtz traz alguns erros grosseiros na apresentação dos conflitos e na construção de seus personagens (muitos sequer têm função real na história). Prova disso é o fato de que, em muitas cenas, a tensão é transformada involuntariamente em comédia.
Esses problemas recaem diretamente no confuso desfecho, cuja imprevisibilidade se dá mais por equívocos lógicos do que por uma grande idéia. O carisma e o talento de Robert De Niro e Al Pacino (que têm feito produções medíocres nos últimos tempos, como "88 minutos"), não salvam o filme e sua história mal contada.
Curiosamente, não é a primeira vez que isso ocorre com a dupla. Em 1995, ambos estrelaram o violento "Fogo Contra Fogo" (de Michael Mann), igualmente concebido para eles e sem qualidade narrativa. "As Duas Faces da Lei" insiste no mesmo erro.
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