Literatura, teatro e cinema. A obra A Máquina, criada pela escritora e roteirista Adriana Falcão, fecha um ciclo com o lançamento hoje nos cinemas do filme homônimo de João Falcão, diretor teatral que está estreando no comando de um longa-metragem.

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O agora cineasta também é responsável pela montagem de sucesso do texto no teatro, realizada entre 1999 e 2000, um espetáculo que revelou os atores Lázaro Ramos, Wagner Moura e Vladimir Brichta, hoje conhecidos do grande público por seus trabalhos no cinema e na televisão.

O trio volta em participações especiais e afetivas no filme que tem como protagonista Gustavo Falcão, sobrinho do diretor e o único a não ter estourado nacionalmente com a peça. "Essa coisa do Gustavo não ser muito conhecido até dá um frescor para o filme, é uma vantagem para o personagem, uma pessoa anônima que vira uma celebridade instantânea pelo que pretende fazer", avalia João Falcão.

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O jovem ator pernambucano interpreta Antônio, morador da cidade fictícia de Nordestina, no sertão brasileiro (no teatro, o mesmo personagem era vivido pelos quatro atores citados). Ele é apaixonado por Karina (Mariana Ximenes), menina sonhadora que pretende ir embora da cidade para conhecer o mundo, como a maioria dos habitantes locais. Para não perder sua paixão, Antônio decide trazer o mundo para Nordestina, armando para isso um plano para lá de audacioso. A história é narrada por um velho que mora em um hospício, vivido por Paulo Autran.

"Esse filme diz respeito a mim e ao Nordeste, é uma metáfora de cidades que sofrem a ação do tempo. Isso vale até para o Brasil, com aqueles que sonham em ir para o estrangeiro. É uma coisa que inevitavelmente acaba passando uma hora pela cabeça das pessoas, de que é em um outro lugar maior que as coisas acontecem", comenta o diretor, que nasceu em Usina Tiúma, engenho de cana localizado a 80 quilômetros do Recife. Falcão também deu um toque de contemporaneidade à história falando do poder da mídia na vida das pessoas: Antônio usa um programa de televisão de muito audiência para conseguir realizar seu plano.

O tom de fábula da história é completado pela forma como ela chegou às telas. Depois de pesquisar muitas cidades, João Falcão decidiu realizar a produção toda em estúdio, com um cenário não-realista. "Fazer dessa forma foi uma decisão tomada no último minuto antes das filmagens. Não queríamos dar um tom documental e naturalista ao filme, por causa da poesia da história. E por mais que maquiássemos uma cidade, ia ficar muito próximo da realidade do Nordeste", revela.

O diretor também desenvolve projetos na Rede Globo, no núcleo de Guel Arraes (O Auto da Compadecida). "É uma área em que fazemos um trabalho artesanal, a gente sempre experimentou várias coisas", lembra, afirmando que a experiência na tevê o ajudou na direção no cinema.

A Máquina foi produzido por Diller Trindade (responsável pelos filmes de Xuxa e do trapalhão Renato Aragão) e terá apoio de lançamento da Globo Filmes. João Falcão já filmou outro longa, Fica Comigo Esta Noite, que deve ser lançado ainda este ano. Ele também continua com o trabalho no teatro: comanda o espetáculo infantil O Pequeno Príncipe, estrelado por Luana Piovani, e vai dirigir Paulo Autran e um nova montagem de O Avarento.

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