Ouro Preto - 12 de setembro de 2008 A segunda noite do Festival Tudo É Jazz de Ouro Preto, que terminou no domingo, refletiu a nova onda de jovens músicos israelenses que tomou recentemente de assalto Nova Iorque e se instalou na "Grande Maçã" dos jazzistas. O elenco parecia até um daqueles relatos do Antigo Testamento, recheado de nomes como Avishai e Avital, Aaron e Anat.
A Anzic Night (referência ao selo que lançou o trabalho deste movimento) abriu com o Third World Love, liderado pelo trompetista Avishai Cohen, com Yonathan Avishai (piano), Omer Avital (baixo) todos israelenses e Daniel Freedman (bateria), judeu nova-iorquino. Formado em Barcelona, o grupo exibiu um jazz contemporâneo com incursões no folclore judaico e da Espanha (em hebraico, Sefarad, título de um dos temas) o trompete de Avishai, evocando o timbre e o fraseado de Chet Baker e dos mestres do hard bop.
Na nona hora do festival, a primeira guitarra do festival: Kurt Rosenwinkel, em companhia dos afro-americanos Eric Revis (baixo) e Obed Calvaire (bateria). E, também, os primeiros standards "Ill Remember April", "Get Out of Town" (de Cole Porter, gravado até por Caetano) e "Monks Mood", do grande Thelonious. Kurt, que havia estado no festival dois anos antes, fechou o set com uma nova canção, Ouro Preto, cantarolada sem letra ao melhor estilo Milton Nascimento.
Na décima hora do festival, subiu ao palco a primeira mulher. Surpreendentemente, não uma cantora, mas uma saxofonista: Anat Cohen, com os irmãos Avishai ao trompete e Yuval ao sax-soprano. O Cohens Sextet era completado pelos brilhantes Aaron Goldberg (piano), Omer Avital (baixo) e Daniel Freedman (bateria). Fazendo as apresentações em português fluente, com sotaque carioca-novaiorquino, a bela e exuberante Anat, 33 anos, mostrou também que é boa de clarineta, num solo que faria inveja a Paulo Moura em seu próprio tema "Prayer/Prece". Explica-se: ela tem um grupo de chorinho em Nova Iorque.
Avishai, Anat e Avital voltaram ao palco para o grand finale, integrando a big band de Jason Lindner (teclados), com doze figuras que soavam como vinte e elevaram às alturas o público que lotou o Parque Metalúrgico até as duas da manhã.
O jazz tomou também as ruas de Ouro Preto, na apresentação gratuita no palco montado na praça Reinaldo Alves de Brito. O Mola Sylla, do Senegal, e os Kholwa Brothers, da África do Sul (que encontrei de manhã perdidos nas ladeiras da cidade), foram seguidos pelo acordeonista gaúcho Renato Borghetti (apoiado pelo jazz mineiro de Túlio Mourão) e pela vibrante Spok Frevo Orquestra, de Pernambuco, é claro.
Mas, com certeza, a noitada pertenceu a uma mulher, Anat Cohen, que, longe de ser um anátema, foi a própria anatomia do jazz.
O jornalista viajou a convite do Festival Tudo É Jazz de Ouro Preto.
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