Palavra
A artista gaúcha Regina Silveira tem três obras na Bienal. Uma delas pode ir até você: trata-se de uma projeção da escrita da palavra “luz” que vai circular pela cidade e ocupar prédios como o da Gazeta do Povo, na Praça Carlos Gomes. “A ideia é levar a arte para fora de seu contexto, para ter um outro tipo de efeito do que a arte em um espaço protegido de museu”, conta. No Museu Oscar Niemeyer (MON), a vídeo-instalação “Limiar” (foto) convida o visitante olhar, por uma fresta, versões da palavra “luz” em 60 línguas. A terceira obra , “Quimera”, vai ocupar a fachada do shopping Pátio Batel.
Filme sólido
“Between You and I”, do artista norte-americano Anthony McCall, fica entre o filme e a escultura. Ela faz parte de uma série de trabalhos que McCall começou na década de 1970, em Nova York, que consistia em projeções de filmes de 16 mm em salas cheias de fumaça. O efeito é a transformação as duas dimensões do filme em três, criando algo entre a instalação, escultura e filme. É mais uma obra que permite a interação do público, que pode se mover dentro das formas cambiantes do “filme sólido” criado pelo artista. O trabalho está no Palacete dos Leões – BRDE (Av. João Gualberto, 530 – Alto da Glória).
Trama de luz
Em “In.visible”, Jeongmoon Choi usa fios fluorescentes tensionados para criar ambientes tridimensionais em uma sala totalmente escura no MON. “É como desenhar no espaço”, explica a artista sul-coreana radicada na Alemanha. Em uma espécie de imersão, o visitante pode interagir, cruzar “portas”, olhar de diferentes perspectivas. Só não pode tocar. “As pessoas ficam surpresas. Elas pensam que se trata de um laser, acabam tocando e se assustam”, conta a artista. “Oficialmente, não é para tocar. Mas sei que as pessoas tentam”, confessa.
Arte política
“Curto Circuito”, do artista chileno Ivan Navarro, é provavelmente a mais política da Bienal de Curitiba, de acordo com a curadora Leonor Amarante. Radicado nos Estados Unidos, Navarro nasceu em Santiago, em 1972, durante a ditadura militar no Chile. Suas memórias sobre o regime inspiram obras que remetem aos seus aspectos mais sombrios. Metáforas da vigilância, do medo e do aprisionamento são criadas com elementos como espelhos e cercas de neon. A exposição está no Centro Cultural Sistema FIEP (Av. Cândido de Abreu, 200 – Centro Cívico).
MAC
As 28 obras expostas no Museu de Arte Contemporânea (MAC – Rua Des Westphalen, 16 – Centro) também se relacionam com o tema da luz com outro olhar. A curadora Adriana Almada reuniu as obras em torno de um poema de Paulo Leminski, “Luz versus Luz”.
“Trabalhei a luz como imagem, conceito, experiência. Aqui, não temos dispositivos tecnológicos, mas há um trabalho que tem a ver, por exemplo, com a matéria, que é luz sólida; que tem a ver com memória, luz e sombra”, explica.
Na catedral
O norte-americano Bill Viola se interessa pela dimensão espiritual do ser humano – seus temas quase sempre envolvem nascimento, morte e ressurreição. Condensando inspirações míticas e religiosas com grande sensibilidade, o artista visual produz diversos trabalhos inspirados, por exemplo, em escrituras sagradas. Sua instalação na Catedral de Curitiba (Praça Tiradentes) detalha uma “passagem por um portal espiritual” que, sob os olhos do artista, pode ter diversas formas.
Luz interior
A exposição do Museu Municipal de Arte (MuMa), no Portão Cultural (Av. República Argentina, 3.430), aborda outro significado do tema da Bienal: luz “interior”. “Por meio da luz, falo das religiões, da espiritualidade”, conta o curador Daniel Rangel, que dividiu as obras em três salas. Uma delas, “Eikons”, traz uma “iconografia da religião”, com obras como “Terceiro Cálice”, da carioca Adriana Varejão – disposta entre pinturas de Ciro Ferri (1634-1689) e Agostino Masucci (1691-1758).
Vermelho
Eliane Prolik usa a luz dos faróis traseiros dos carros para discutir dimensões da cor vermelha. A obra “Red Ahead”, no MON, consiste em um vídeo, um painel de caixas de acrílico vermelho que guardam estes faróis e se refletem em um painel. “A ideia é ele se expandir pelo espaço. O vermelho é uma cor de muita precisão, muito invasora, ligada a coisas corporais. Dá para reportar a existência urbana e a nossa própria história como indivíduos”, explica a artista.
Laboratório
Em “Identity Analysis” (MON), a artista alemã Helga Griffiths usa milhares de provetas cheias de fluoresceína, uma solução fluorescente, dispostas em uma instalação em forma de espiral, para criar uma abstração do DNA humano. Em uma placa de Petri, ela expõe seu próprio código genético – uma exposição do que tem de mais íntimo. “Pode-se visualizar a experiência do corpo”, diz Helga, que trabalha conceitos científicos e espirituais na obra. “Acho que quero que as pessoas pensem sobre seus próprios corpos, sobre nossa essência”.
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