• Carregando...
 | /
| Foto: /

Kintsugi

É uma técnica japonesa que consiste em colar peças de cerâmica quebradas com materiais visíveis como o ouro, incorporando as rachaduras como elementos estéticos.

Nome forte do indie rock dos anos 2000, o grupo norte-americano Death Cab for Cutie – criado no estado de Washington – sofreu um duro revés em agosto de 2014.

O guitarrista, produtor e cofundador Chris Walla, figura-chave no polimento da sonoridade refinada do grupo, anunciou que estava de saída.

Na época, o DCFC estava trabalhando em estúdio. Ben Gibbard (guitarra, piano e vocal), Nick Harmer (baixo) e Jason McGerr (bateria), acompanhados de um novo produtor, direcionaram sua vocação confessional para o que seria uma fase de reconstrução e batizaram o novo trabalho de Kintsugi.

O nome faz referência a uma técnica artística japonesa que consiste em colar peças de cerâmica quebradas com materiais nobres como o ouro, tornando as fraturas visíveis e incorporadas às suas histórias.

O álbum – cuja prévia em streaming foi colocada na internet pela National Public Radio (NPR) nesta segunda-feira (23) – ressoa com uma espécie de mensagem de continuidade.

A ideia de rompimento (não só de Walla, mas também de Gibbard, que se divorciou da atriz e cantora Zooey Deschanel) é o tipo de tema amargo e emocional que os fãs da banda esperam ver explorado em suas músicas.

Com o suporte de Rich Costey (creditado em trabalhos de grupos como Sigur Rós, Muse e Foster the People), o disco responde a contento a partir da estética particular do DCFC – sonoridade límpida, contida, bem construída; canções melodiosas, mas agridoces em sua poesia emocionalmente densa e algo cerebral, como em “No Room in Frame”, que remete diretamente ao relacionamento entre Gibbard e Zooey, e em “Black Sun”, cujo clipe dispara contra o universo de Hollywood. Sustentado por esta estrutura musical, que por vezes soa calculada demais, Kintsugi ganha peso em “The Ghosts of Beverly Drive”; tem seus momentos mais introspectivos em “You’ve Haunted All My Life” e “Hold no Guns”; mostra seu lado mais solar em “Good Help (Is So Hard to Find)” e “El Dorado”; e termina em tons melancólicos, ao piano, em “Binary Sea”. A reconstrução pós-separação do DCFC pode incorporar fraturas, mas não parece incluir grandes mudanças no caminho.

0 COMENTÁRIO(S)
Deixe sua opinião
Use este espaço apenas para a comunicação de erros

Máximo de 700 caracteres [0]