Durante a entrevista, Débora Falabella demonstra um certo incômodo com o aplique nos cabelos. Ela o coloca para um lado, para o outro, não o deixa quieto. O esforço para aprender a conviver com a cabeleira em pleno verão escaldante do Rio de Janeiro tem motivo: é dela o papel-título da novela "Sinhá Moça", remake de sucesso de Benedito Ruy Barbosa e que foi ao ar pela primeira vez em 1986.
- Pois é, estou com esse cabelão. Dá uma aflição, só tive comprido assim quando tinha 14 anos. Acho cabelo grande uma coisa meio esquisita, mas é tão bacana se transformar em prol de um personagem, né? - admite.
Aos 27 anos, a mineira que se tornou uma das estrelas de mais rápida ascensão na Rede Globo, não hesita em dizer que este é o momento certo de encarar uma protagonista. E, para evitar comparações com a interpretação de Lucélia Santos, que deu vida à jovem com ferrenhas idéias abolicionistas, ela preferiu nem assistir à primeira versão do folhetim.
- Se ficasse vendo como outra pessoa fez aquele papel, ia acabar puxando uma coisa ou outra daquilo. O remake é a mesma história, mas não a mesma coisa - analisa a atriz, que já tinha feito protagonistas dentro de alguns núcleos, mas é a primeira vez numa novela.
- É uma responsabilidade muito grande, minha personagem tem o nome da novela. Mas veio na hora certa - dispara. Sem buscar na criação artística de Lucélia a inspiração para Sinhá, Débora mergulhou de cabeça em pesquisas. Leu a poesia repleta de abolicionismo de Castro Alves, e fez aulas de boas maneiras e prosódia da época. Adicione a isso um aprofundado estudo do texto. Nada difícil para uma atriz acostumada a viajar constantemente pela linha do tempo, seja em palcos ou estúdios de TV. Recentemente, Falabella interpretou Sarah Kubstichek, mulher do presidente Juscelino, na minissérie "JK" e Carolina, a sonhadora moça do filme "A dona da história", de Daniel Filho.
- Fazer um personagem de um período que não vivi é mais interessante. É mais difícil fazer alguém que seja mais próximo de mim. Por isso, a compreensão do texto foi o mais importante, pois o Benedito consegue colocar nas falas a alma do personagem.
Questionada sobre o peso de substituir uma novela com audiência elevada, "Alma gêmea", a atriz, que fará par com Danton Mello é enfática:
- Não acho que deva ficar pensando só em audiência, se vai ser sucesso ou não. É muito mais bacana pensar na história, pois de tão bonita que ela é, não tem como errar - rebate ela, ajeitando mais uma vez o cabelão da Sinhá.
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