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Fernando Deghi e sua viola: relação de 20 anos já resultou em três discos. O quarto será gravado em Curitiba | Divulgação
Fernando Deghi e sua viola: relação de 20 anos já resultou em três discos. O quarto será gravado em Curitiba| Foto: Divulgação

"Nasci em Santo André e não tenho nada a ver com coisas do interior", dispara Fernando Deghi, na defensiva por conta do instrumento que o acompanha desde 1989: a viola. O músico paulistano se apresenta às 20h30 de hoje no Teatro da Caixa, como convidado da Série Solo Música (confira o serviço completo).

Deghi, 48 anos, se diz urbano apesar de confessar que, no Brasil, "quase todo mundo tem um pé na roça." O que levou o músico até as dez cordas da viola brasileira – aquela mesma, chamada furtivamente de viola caipira ou sertaneja –, foi o violão. Na verdade, o esgotamento do instrumento depois de 22 anos de intensa dedicação.

"Toquei todo o repertório renas­­centista, barroco, tudo de Villa-Lobos e estava cansado de ser intérprete", diz Deghi. "Também não via probabilidade de sobreviver de concertos de violão". Em uma época em que pouca gente ousava compor canções tendo a viola como canal principal, o paulista se sobressaiu. E avançou.

Deghi também trabalha com a pesquisa etno-musical da viola, esmiúça suas origens, desenvolve importante trabalho na divulgação do instrumento ao explorar suas diversas possibilidades e, sobretudo, as afinações possíveis.

"A viola tem mais de 40 afinações, e algumas delas te transportam para lugares diversos." Então, continua o músico, "é possível ir de Portugal ao nordeste do Brasil com apenas alguns ajustes na tarraxa."

Outra característica que destaca a viola dos demais instrumentos de corda é que o ponteio [a batida] utiliza muito as cordas soltas, o que propicia um som forte, sem distorções. A disposição das cordas também é singular: dez, dispostas em cinco pares.

No repertório do concerto de hoje, 18 músicas. Dezessete são de sua autoria, e uma, um verdadeiro achado. "Canários", peça renascentista de autor anônimo feita para viola barroca. Outra atração na apresentação do pluriartista – Deghi também participou como ator na novela A Escrava Isaura e já escreveu cinco livros sobre música –, é o violaúde, instrumento de 13 cordas inspirado no original medieval. De caipira, não há nada mesmo.

Serviço:

Série Solo Música – Fernando Deghi. Teatro da Caixa (R. Cons. Laurindo, 280), (41) 2118-5111. Hoje, às 20h30. R$ 10 e R$ 5 (confira o serviço completo)

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