Felipe de Oliveira e Silvestre Neto, da Cia. dos Palhaços, reconhecem como principal fraqueza da cena circense curitibana a desarticulação dos artistas. Bons profissionais circenses há, dizem, nas diversas modalidades. Como Yamba Canfield, o mestre dos malabares. A maior parte deles, porém, atua de forma independente, o que não favorece o fortalecimento do conjunto.

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Faltaria também um pouco mais de audácia. É o que pensa Mauro Zanatta, diretor da Trupe da Saúde (incumbida de apresentar espetáculos em hospitais) e ator que usa a técnica do clown em suas criações para o teatro. "Parece ainda haver uma resistência em se modernizar. Queria ver o palhaço mais ousado. Menos dependente de figurino", diz ele. "Curitiba ainda está engatinhando."

Desajustado

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Zanatta é o tipo de artista para quem a arte do palhaço não se justifica apenas em cima do palco ou picadeiro. Para ele, o processo é tão interessante quanto esse resultado final. Serve ao ator como uma maneira de se voltar a si mesmo e de se livrar do excesso de representação, valorizando o momento presente, as emoções vivas.

Sua concepção de palhaço es­­tá ligada ao resgate de uma ingenuidade interior. "O Mauro Za­­natta, enquanto pessoa pública, é moldado a título de sobrevivência. O clown é um exercício de retorno a essa essência não lapidada", opõe.

No comando da Escola do Ator Cômico, ele lembra que desde o casaco apertado e a calça curta do figurino clássico, o palhaço se apresenta como um ser em desajuste com a sociedade. "Não só o puro e o bonito, mas o feio e o grotesco, num confronto com nossa tragédia pessoal. Basicamente, com a frustração, os desejos que não se concretizam, o fracasso", diz. (LR)

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