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John Boyne: conhecimento da época na qual se passa a história | Mark Watkin/Divulgação
John Boyne: conhecimento da época na qual se passa a história| Foto: Mark Watkin/Divulgação
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Romance

O Pacifista

John Boyne. Tradução de Luiz Antônio de Araújo. Companhia das Letras, 304 págs., R$ 39,50.

A distância temporal e o advento da Segunda Guerra Mundial (1939-1945) ofuscaram outro grande conflito que envolveu diversas nações, esfacelou impérios e manchou de sangue, principalmente, a Europa. Pouco explorada pelo cinema e a literatura, a Primeira Guerra Mundial (1914-1918) deixou um rastro de aproximadamente 19 milhões de pessoas mortas. Deste total, cerca de 10 milhões eram civis. De um lado, Inglaterra, França, Rússia, Itália e Estados Unidos. De outro, Alemanha, Império Austro-Húngaro e Império Otomano. Mesmo após a paz ter sido selada, as feridas não foram cicatrizadas e vencedores e vencidos voltaram a se enfrentar 20 anos depois.

A história de Tristan Sadler, em O Pacifista, se passa em setembro de 1919, quase um ano após o fim da Primeira Guerra. Aos 21anos, ele é um ex-combatente inglês que reconstrói a vida trabalhando para uma editora. Mas a sombra da guerra está lá. Aonde quer que vá, as marcas do conflito são visíveis. Seja num bar, quando Tristan conversa com o pai de dois jovens que morreram em batalha – é impossível não perceber a dor e o trauma na troca de palavras dos dois homens –, seja no grave segredo que o atormenta e tem relação com William Bancroft, colega de Sadler nas trincheiras da Grande Guerra.

Fleuma

A narrativa empregada pelo irlandês John Boyne mantém a fleuma inglesa. É delicada e simples, mas com personagens ricamente construídos e bem explorados. Mesmo em figuras secundárias, o leitor consegue construir a fisionomia e imaginar o comportamento das pessoas. Desde o momento em que Tristan Sadler toma o trem de Londres a Norwich para entregar cartas à irmã de William Bancroft, Boyne, autor de O Menino do Pijama Listrado, atiça a curiosidade ao dizer, mas não detalhar, a angústia do personagem central. Ele insinua, deixa pistas, explora a memória de Sadler, e, com isso, vai deixando o leitor preso à trama, intrigado com o que de tão grave teria havido entre Tristan e William.

Enquanto reconta os detalhes sombrios da guerra, Tristan fala de sua amizade com William. Eles se conheceram no campo de treinamento em Aldershot (Inglaterra) e lutaram juntos nas trincheiras do norte da França. Nada é o que parece nesta história envolvente, vigorosa e, ao mesmo tempo, perturbadora.

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