Berlim - O Festival de Cinema de Berlim inaugura hoje mais uma edição, comemorando seus 60 anos e reivindicando a "dimensão política" que marcou sua trajetória. A presença no júri de Werner Herzog, um dos mestres da cinematografia alemã diretor de longas-metragens inesquecíveis como Aguirre, a Cólera dos Deuses (1972) e Nosferatu O Vampiro da Noite (1978) permite prever uma safra de bons filmes na noite da premiação, no próximo sábado, 20 de fevereiro.
Entre os longas em competição está o último do diretor franco-polonês Roman Polanski, The Ghost Writer. Polanski, de 76 anos, é mantido sob prisão domiciliar na Suíça, após a sua detenção em setembro a pedido da justiça norte-americana, por acusações que datam de 1970, quando admitiu que manteve relações sexuais com uma jovem de 13 anos.
Os cinéfilos terão como consolo para a ausência do polêmico cineasta em Berlim a presença de outro mestre, Martin Scorsese, cujo filme, Ilha do Medo, com Leonardo DiCarpio, será exibido fora de competição. A programação principal apresentará filmes provenientes de 18 países e, durante os dez dias nas outras seções da Berlinale Panorama, Fórum, Geração, Perspectiva e Curtas-metragens , os fãs poderão conferir 400 filmes do mundo inteiro nos mais variados formatos.
O festival, lançado em 1951 em Berlim Ocidental, ganhou força no período do pós-guerra e da Guerra Fria, e em consequência disso, sempre teve uma dimensão política, como explicou seu diretor Dieter Kosslick ao apresentar a edição do 60.º aniversário. A mostra começa hoje com o drama saga Tuan Yuan, que conta a história de um soldado obrigado a fugir para Taiwan com a aproximação das tropas de Mao, em 1949, e reencontra seu amor de juventude várias décadas depois.
Outro filme que se destaca na competição é Howl, dos norte-americanos Rob Epstein e Jeffrey Friedmann, sobre o poeta Allen Ginsberg. O diretor alemão Oskar Roehler gerou muitas expectativas com sua obra Jud Suss, sobre as filmagens por ordem de Hitler e de seu ministro da Propaganda, Joseph Goebbels, do filme antissemita de mesmo nome.
Segundo o diretor da Berlinale, "Berlim sempre desempenhou um papel central, como um símbolo de culpa, pelo sistema da divisão, e também como um novo começo".
Em competição
Cinco vencedores do Urso de Ouro voltam a disputar o prêmio Zhang Yimou, Michael Winterbottom, Wang Quanan, Roman Polanski e Jasmila Zbanic , concorrendo com estreantes como a argentina Natalia Smirnoff, cujo Rompecabezas é o único latino-americano em concurso.
A disputa do Urso volta-se especialmente para os países nórdicos (Dinamarca, Noruega, Suécia) e para a Ásia (China, Japão). A Alemanha tem suas estrelas na competição e uma mostra inteira Perspective Deutsches Kino para exibir as novas tendências de seu cinema.
O Brasil participa das seções paralelas. Como em Cannes, a LOréal é sócia importante do evento e várias estrelas da grife são esperadas na Berlinale, de Penélope Cruz a Andie MacDowell e, este ano, integrando pela primeira vez o firmamento da marca, a alemã Diane Kruger.
Uma estrela de Hollywood integra o júri (René Zellweger), outra, alemã, recebe um Urso de Ouro especial de carreira (Hanna Schygulla) e a presidência do júri volta a ser exercida por um homem, Herzog, após um 2009 em que as mulheres deram as cartas em Berlim (Tilda Swinton) e Cannes (Isabelle Huppert).
A Berlinale é hoje um dos mais importantes festivais de cinema do mundo. Durante suas seis décadas de existência, enfrentou as turbulências políticas da Guerra Fria, os protestos de 1968 e a abertura para o Leste. Este ano, o festival quer constituir novas pontes entre o Leste e o Ocidente, unindo Hollywood e o continente asiático. Outro ponto alto do evento, é a exibição de uma versão longa restaurada de Metrópolis, obra-prima muda de Fritz Lang de 1927, que tem 25 minutos de filme adicionais, encontrados em 2008 em Buenos Aires.
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