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São Paulo (SP) – O título original de Jesus, o Maior Psicólogo que Já Existiu não cita o nome do messias, alteração bancada pela editora Sextante no Brasil. A alteração parece ter dado resultado e impulsionou o livro de Mark W. Baker a vender cerca de 300 mil exemplares no país. O sucesso se deve em parte a um passo ousado do psicólogo e escritor – unir dois conceitos que, por natureza, são como água e óleo: religião e psicologia.

O milagre dessa fusão transformou Baker em um best seller internacional. E é exatamente sobre ela que o americano fala ao público da 19.ª Bienal Internacional do Livro amanhã.

Na entrevista a seguir, exclusiva para o Caderno G, o escritor diz que é leitor de Dan Brown, admite que também faz ressalvas ao gênero de auto-ajuda e revela que escreveu O Maior Psicólogo que Já Existiu tendo a imagem de sua sogra como leitora ideal.

Gazeta do Povo – O que Jesus diria a um maníaco-depressivo ou a um obsessivo-compulsivo?Mark W. Baker – Ele se dirigia a cada pessoa de maneira diferente. Dizia a elas algo único, exatamente aquilo que precisavam ouvir. A patologia não importaria, não mudaria seu discurso – e é isso que hoje se compreende melhor na psicologia: todas as pessoas são iguais. A patologia é uma forma superficial de se compreender os pacientes. No íntimo, suas necessidades são as mesmas.

No Brasil, seu livro se enquadra no gênero auto-ajuda. Nos EUA, a classificação é a mesma?Sim, self-help (auto-ajuda).

Existe uma espécie de preconceito segundo o qual os leitores de auto-ajuda são pessoas com baixa auto-estima, ingênuas e, por isso, vulneráveis a toda sorte de livros que prometem ensinar a fazer amigos, ser feliz na vida, emagrecer, etc. Na sua opinião, o que alimenta esse tipo de preconceito?Eu tenho uma idéia. Quando eu escrevi esse livro, não queria que ele entrasse na seção de auto-ajuda porque eu tenho um preconceito similar – porém não tão violento – contra esse tipo de literatura. Alguns livros de auto-ajuda dizem exatamente o que as pessoas devem fazer. "Você tem um problema? Faça isso." Eu não digo às pessoas o que fazer. Não digo "você tem depressão, faça isso para melhorar". Minha idéia é estimular as pessoas a se tornarem mais autoconscientes, elas precisam tentar descobrir as razões que as levaram à depressão, se questionar o que, em suas vidas, está errado. Isso é mais espiritual e é diferente de dar respostas fáceis.

O senhor imagina qual é o perfil do seu leitor?São pessoas interessadas em lidar com suas emoções. Quando escrevi o livro, eu tinha minha sogra em mente. Ela é uma pessoa simples, católica, que vive no meio-oeste, leva uma vida simples e não quer ler livros complicados. Quer algo simples que possa aplicar em sua vida.

Se o seu paciente é ateu, o senhor ainda assim utiliza a religião no tratamento?Não. Durante boa parte do tempo, eu não menciono religião. Não é algo sobre o qual eu fale o tempo todo.

As respostas que alguns livros de auto-ajuda oferecerem, de certa forma, podem ser encontradas em clássicos. Dostoievski, por exemplo, trata de culpa em Crime e Castigo. Por que as pessoas têm dificuldade de recorrer a essas obras?A atenção média de uma pessoa é de 11 segundos. Você presta atenção e divaga, presta atenção e divaga. As histórias dos meus livros tem duas páginas. Eu quero que os leitores tirem alguma lição para suas vidas sem precisar ler um livro inteiro de Dostoievski. Vou direto ao ponto.

Isso é muito americano...É. (Risos)

Em meio aos clássicos, o senhor tem algum favorito?Gosto muito de O Idiota, do Dostoievski.

E acompanha também romances contemporâneos?Alguma coisa... Dan Brown. (Risos)

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