Sob vaias e gritos de “machista” por parte da plateia, o diretor pernambucano Cláudio Assis quase não conseguiu apresentar seu longa metragem Big Jato durante a mostra competitiva do Festival de Brasília do Cinema Brasileiro .
Após a sessão, porém, o filme foi bastante aplaudido. As vaias iniciais e os coros foram uma reação à confusão provocada por Cláudio diretor de filmes como (”A febre do rato”, “Amarelo manga”, “Baixio das bestas”) e Lírio Ferreira (Sangue Azul e Árido Movie) durante a apresentação do filme Que Horas Ela Volta? pela diretora Anna Muylaert no inicio do mês em Recife. Os dois cineastas, com sinais evidentes de embriaguez, interromperam um debate sobre o filme de Anna com intervenções que foram tomadas por machistas pela direção na Fundação Joaquim Nabuco que suspendeu a exibição dos filmes de Assis e Ferreira por um ano.
O caso repercutiu muito nas redes sociais, e mesmo após o pedido público de desculpas de Assis, se transformou num tema de debate sobre gêneros no cinema nacional: “Mais importante é abrir o debate sobre o aprendizado da sociedade em aceitar situações onde o protagonismo é das mulheres e a coadjuvância, dos homens. Afinal, estamos todos em obras.”, escreveu Anna em sua conta no Facebook.
Neste sábado, Cláudio Assis subiu ao palco do Cine Brasilia vestindo uma camiseta escrita “Gays, Lesbicas, Travestis, Transgêneros”, e teve seu discurso sufocado por vaias e gritos que o chamavam, principalmente, de machista.
Claudio e a equipe do filme pareciam já estar esperando pelo protesto e recebeu com sorrisos e aplausos as vais. “Viva a vaia”, gritou o escritor Xico Sá, em cujo romance, Big Jato, o roteiro do filme é baseado. A situação so se apaziguou quando o ator Matheus Nachtergaele tomou o microfone para argumentar em nome do filme e de sua equipe. “Todos temos um lado de horrores e outro de maravilhas. A gente pode vaiar nossos horrores e a gente também pode aplaudir as nossas maravilhas”, disse Nachtergaele.
Contando com o suporte da equipe e elenco do filme que conta com nomes como Marcélia Cartaxo, Jards Macalé e Hilton Lacerda, Assis conseguiu dedicar o filme a sua mãe sob uma última e forte vaia.
Apalusos
Ao final da sessão, o filme porém foi bastante aplaudido. Tão original quanto os longas anteriores de Assis, mas mais sensível e poético, Big Jato é a história de um menino com pendores de poeta, dividido entre duas influências masculinas: a do pai praqmático que tem um empresa que limpa fossas no sertão pernambucano e quer que o filho siga tocando os negócios da família e de um tio que tem apresenta um programa de rock na rádio local e o incentiva a ganhar o mundo. Com a prosódia nordestina, safada e escatológica característica dos filmes de Assis, e ótima atuação do elenco, o filme é tocante e divertido. Nos bastidores do festival, especula-se que Big Jato e Para Minha Amada Morta de Aly Muritiba travam a disputa principal pelo prêmio de melhor filme.
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