Advogado simplório, pai de família, o franzino Cadu (Júlio Andrade) é preso sob a acusação de ser “o Doutor do tráfico” - a polícia encontra uma tonelada de maconha em sua casa. Preso, ele alega inocência, mas logo será forçado a honrar a fama que lhe protegerá dentro da cadeia. Assim é “Um Contra Todos”, primeira série para a TV de Breno Silveira, diretor que fez sucesso nos cinemas com “Dois Filhos de Francisco” e “Gonzaga - De Pai Para Filho”, com produção da Conspiração Filmes. Em oito episódios, o enredo, fruto de uma história real contada ao diretor, estreia nesta sexta, 17, às 23h, na FOX Action, canal do premium FOX+, e na segunda-feira, dia 20, às 22h30, pelo FOX básico, no Brasil e em toda a América Latina.
Rodado no Instituto Nise da Silveira, no Rio, o enredo promove uma reflexão do poder de escolha do ser humano e de sua infinita capacidade de se adaptar diante das necessidades de sobrevivência. O que mais surpreendeu o elenco foi a disposição de Breno em filmar todo o roteiro em ordem cronológica - normalmente, todas as cenas de um mesmo cenário ou locação são gravadas em sequência, independentemente do script, para depois serem distribuídas na montagem e edição.
“Todos os meus filmes são cronológicos”, confirma Breno. “Você vê o Julinho no primeiro episódio e no último, o corpo dele se modificou, o jeito, o rosto, tudo se modificou.”
E não demora mais para gravar? “Demora muito mais tempo, é uma encrenca para a produção, eles me xingam, mas eu ainda sou um cara que vem da fotografia, sou apaixonado pelos atores. Tenho um tesão muito grande nesse processo deles. Tem gente que filma o fim do filme no começo - eu não sei como é isso. A filmagem cronológica traz o tempo de convivência entre eles na cadeia. Sempre quis fazer esse drama humano, o que me interessa são os personagens, esse negócio de trama eu acho um saco. Acho até que há gênios que fazem isso muito bem.”
Júlio, que já foi protagonista de Breno em “Gonzaga - De Pai Para Filho”, reconhece o efeito da filmagem cronológica. “É fascinante gravar nesse sistema”, diz. “No decorrer da série, comecei a malhar dentro da cadeia, como se ele não tivesse o que fazer, e fui ganhando mais massa muscular.” Cadu é pai de um garoto e a mulher, Malu (Júlia Lanina), está grávida do segundo filho quando ele é preso.
Sensacionalismo
Adriano Garib é Demóstenes, o corrupto diretor do presídio. O elenco conta ainda com Roney Villela, Adelino Lima, Sacha Bali, Thogun Teixeira - apelidado como “China”, na prisão - e Silvio Guindane. Cadu, ali, é o “doutor”. Stepan Nercessian faz as vezes de Datena, o apresentador sensacionalista de TV que põe pilha na prisão de Cadu, e quase alcança a audiência do filho do “doutor”, para desespero da mãe e do avô. Roberto Birindelli aparece lá pelo 6º episódio, quando surge em cena o verdadeiro “doutor do tráfico”.
Desde “Dois Filhos de Francisco”, conta Breno, muita gente o procura para que ele “filme” suas histórias. Um Contra Todos é uma dessas. A trama do sujeito que, inocente e preso como traficante, é real, diz, mas quase todo o resto é ficção. A 2ª temporada, já certa para o ano que vem, será puramente fictícia.
O diretor pegou gosto pela coisa. Além da próxima safra de “Um Contra Todos”, já tem outra série engatada com outro canal, ainda mantida sob sigilo. “O cinema começou a ficar tão preocupado com o que é ou não do gosto do público, que os roteiros começaram a ficar muito engessados. No mundo todo, as coisas boas e mais inteligentes estão migrando para as séries e deixando o cinema. O que eu não esperava era essa leveza: um filme toma dois, três anos - Dois Filhos foram quatro. Aqui, não, tem uma liberdade maior, pode-se criar mais no set, é mais rápido e a gente filma de outra forma. Adorei!”
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