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Diretor do premiado "O paciente inglês", Anthony Minghella volta a trabalhar com dois dos maiores parceiros de sua filmografia em "Invasão de domicílio". O longa - cuja estréia está marcada para esta sexta-feira (11) no Brasil - tem Juliete Binoche, que contracenou com Ralph Fiennes no "Paciente", e Jude Law, quem dirigiu em "O talentoso Ripley" e "Cold Mountain".

Em "Invasão de domicílio" ("Breaking and entering"), Minghella foge dos filmes de época para se ambientar na Londres atual, em particular em King's Cross, bairro caracterizado pela mistura étnica. Jude Law é um jovem arquiteto que abre escritório no bairro e vê constantemente seu local de trabalho ser invadido por ladrões, que furtam objetos pessoais e computadores. Cansado da invasão, ele começa a investigar a origem dos roubos. Tal atitude acaba trazendo mais problemas para sua família, cujo casamento passa por uma crise.

Em entrevista por telefone de Nova York, o cineasta nascido na Inglaterra conta fala de seu filme e sobre sua parceria com Jude Law. Leia abaixo:

"Invasão de domicílio" lida com várias questões. Quais são as mais importantes, na sua opinião?

Para mim, "Invasão de domicílio" é um filme sobre conciliação. Tive a idéia do filme durante conversas nas quais soube que casas de Londres estavam sendo invadidas. Por outro lado, ouvi trabalhadores, gente pobre, contando como eles são humilhados. Pensei em fazer um filme sobre ver os lados do mesmo problema. Sobre duas perspectivas. Não podemos ver só um lado ou o outro. A partir desta idéia, veio todo o resto. O que pode ser a idéia da reconciliação entre dois amigos, num casamento etc.

O ponto principal, então, é a relação dos ingleses com os imigrantes...

Sim, claro. Minha família é de imigrantes. A da minha mulher também. Meu primeiro filme é sobre isso. Esse assunto sempre me interessou, mas hoje se tornou algo urgente. Ainda mais nas cidades grandes, como Londres e Nova York. As pessoas reclamam dos imigrantes, mas não sabem viver sem eles, sem o trabalho deles. E falo de mim mesmo. Passei o dia de ontem todo conversando com jornalistas. De tempos em tempos, entrava alguém na sala para trazer água ou limpar os cinzeiros. Eram imigrantes, claro. O filme tenta erguer esse manto invisível. Quando eu vim para Londres da primeira vez, fiquei no sofá de um amigo. Conheci a faxineira da casa, que não era inglesa. Logo, descobri que se tratava de uma psiquiatra argentina. A partir daquele momento, ficou mais claro para mim que não se pode julgar as pessoas pela cor, pelo seu emprego. O filme é assim. Começa pela superfície das pessoas e depois mostra o que tem por trás. O filme pede para as pessoas pensem duas vezes antes de julgar.

Seus filmes em geral lidam com a busca da identidade, não é?

Diz-se que duas coisas marcam todos os filmes: amor e assassinato. Eu colocaria mais uma coisa: por que morremos? Meus filmes passam por essa questão.

O filme é auto-biográfico de alguma forma?

Quando era adolescente, eu tive problemas com a polícia. E com os meus pais também. As coisas não faziam sentido para mim. Por isso, eu me identifico com o Miro. Também sempre fui fascinado por mães de filhos problemáticos. Fico impressionado com o sacrifício que elas fazem.

O Jude Law está se tornando seu ator-assinatura?

Eu acho que ele é um grande ator. É ainda um amigo que nunca me decepcionou. Eu acho que ele é muito honesto como ator. O papel dele é complexo, ambíguo. Ele consegue não criar dois personagens diferentes e sim um só no filme. Também me agrada o fato de ele topar fazer filmes menores, sem regalias.

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